O regresso do filme que fascinou o mundo

Depois de 13 anos de espera, James Cameron volta a fazer-nos mergulhar no universo do planeta Pandora, com Avatar:O Caminho da Água. O segundo filme da prometida sequela estreia em dezembro e promete trazer consigo novamente os “melhores efeitos especiais da sétima arte”.

Há 13 anos, o mundo deparou-se com uma revolução estética no cinema, principalmente nos filmes que demandam um alto nível e quantidade de efeitos especiais. Em dezembro de 2009, quando em todo o planeta uma das maiores preocupações do homem já era a destruição crescente do meio ambiente, estreou o filme Avatar, do realizador e produtor James Cameron, feito com complexos equipamentos tecnológicos e visto por uma grande parte de pessoas no cinema com óculos 3D no rosto. Nele ficámos a conhecer as criaturas azuis do planeta fantástico Pandora que conquistaram, não só um espaço fundamental no imaginário de todos aqueles que as ficaram a “conhecer”, como renderam 2,8 mil milhões de dólares em bilheteira em todo o mundo. O filme, que custou mais de 265 milhões de euros, liderou a tabela dos filmes mais rentáveis de sempre durante 10 anos, só superado, em 2019, por Vingadores: Endgame. Um ano depois da sua estreia, Avatar foi distinguido com três Óscares – Melhor Fotografia, Melhores Efeitos Visuais e Melhor Direção de Arte – tendo estado também nomeado para o Óscar de Melhor Filme, que acabou sendo entregue ao filme de guerra The Hurt Locker, em português, Estado de Guerra, de Kathryn Bigelow .

Depois disso, dado o sucesso, muito se especulou e se esperou pela sua continuação, já que, geralmente, Hollywood transforma os seus blackbusters de sucesso em sequelas. Mas foi preciso mais de uma década para o seu regresso e agora, sabe-se que em dezembro deste ano, o mundo volta a mergulhar no planeta Pandora com Avatar: O Caminho da Água.

 

13 anos de espera

A produtora 20th Century Studios divulgou o trailer oficial do filme, cujo enredo ainda não foi totalmente divulgado, mas que se sabe que será baseado no mundo aquático de Pandora – formado por oceanos, lagos e criaturas marinhas. Segundo a sinopse oficial, a sequela decorre uma década após os acontecimentos do primeiro filme e conta a história da família Sully – Jake (personagem principal), Neytiri e os seus filhos – que se vê obrigada a deixar a sua casa, a explorar diferentes regiões do planeta de Pandora pelo meio aquático e tem de lidar com os seus problemas, longas distâncias a percorrer para se manterem a salvo, as batalhas que lutam para se manterem vivos, e as tragédias que suportam. “Uma coisa eu sei! Para onde quer que formos, esta família é a nossa fortaleza”, afirma Jake Sully no fim do vídeo de apresentação do filme.

“Posso-lhes garantir que a espera valeu a pena!”, disse o chefe de distribuição da Disney, Tony Chambers, na CinemaCon – evento dos proprietários das salas de cinema que junta os executivos de Hollywood e as estrelas para apresentar antecipações exclusivas das próximas novidades – que decorreu em abril. Foi precisamente nesta convenção que foi divulgado o nome do filme e, com óculos 3D, os presentes assistiram às primeiras imagens da nova produção. Além disso, segundo o seu criador, esta será a primeira das quatro sequências previstas da longa-metragem original. Cada uma “terá o seu próprio enredo e o seu próprio final”. Ou seja, juntas vão compor uma “conectada saga épica, não uma série”, fizeram questão de esclarecer os responsáveis. Em 2017, em entrevista à Vanity Fair, Cameron afirmou que cada filme tem ligação com os anteriores e não poderiam funcionar de outra maneira. “Os roteiros levaram quatro anos para ficarem prontos. Podemos chamá-lo de atraso, mas na verdade não o é, porque desde o momento em que apertámos o botão para fazer os filmes, estamos a funcionar perfeitamente, dado o tempo que tivemos para desenvolver todo o sistema tecnológico. Não estamos a perder tempo, estamos a investir no desenvolvimento de tecnologia e design. Quando todos os roteiros foram aprovados, já estava tudo projetado. Cada personagem, cada criatura, cada cenário”, revelou o realizador.

 

A importância da tecnologia

Em 2011, James Cameron já havia assumido que queria rodar a sequela de Avatar numa taxa de quadros mais alta – o número de imagens estáticas completas que são exibidas a cada segundo e recurso do cinema que permite o filme rodar em velocidade mais rápida que a padrão – o mesmo utilizado por Peter Jackson, em 2012, no filme O Hobbit. Seis anos depois, o cineasta assumiu ainda o desejo de lançar um filme 3D sem óculos.

No mês passado, Cameron falou aos presentes da CinemaCon da Nova Zelândia por videoconferência. “Queremos de novo desafiar os limites do que o cinema pode fazer”, disse durante a sua apresentação. Enquanto trabalha nos últimos retoques da produção, prometeu “saltos tecnológicos gigantescos” em comparação com o original. “Sei que tem sido difícil para a comunidade cinematográfica em todo o mundo nos últimos dois anos”, afirmou fazendo referência à pandemia da covid-19. “Só quero que saibam que eu e o produtor Jon Landau, estamos aqui para trabalhar convosco. Vocês são nossos parceiros, e a melhor maneira de ajudar é entregar conteúdo que será uma experiência imperdível no cinema”, frisou. Além disso, Cameron confirmou que o primeiro e único lugar em que o público poderá ver o trailer completo do filme será exclusivamente nos cinemas depois do lançamento de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, que estreou em Portugal no dia 5 de maio. O filme realizado pelo criador do Titanic, de 1997, Alliens: O Reencontro Final, de 1986 ou Extraterrestres das Profundezas, de 2005 e produzido por Landau, com quem trabalhou no famoso filme sobre o naufrágio tem como principais protagonistas Zoe Saldana, Sam Worthington, Sigourney Weaver, Stephen Lang, Cliff Curtis, Joel David Moore, CCH Pounder, Edie Falco, Jemaine Clement e Kate Winslet.

Na primeira produção estreada em 2009, o diretor retrata a tentativa desesperada dos humanos dominarem Pandora – um dos satélites do Planeta Polifemo – com o objetivo de extrair do seu solo os recursos naturais esgotados na Terra. A companhia multinacional RDA, financia, por isso, a permanência de equipas militares e de cientistas nessa esfera alienígena, de olho justamente nas riquezas minerais. Contudo, apesar de muito rico, o planeta não está deserto e nele habitam uma espécie alienígena – os Na’vis – que não querem ceder à invasão humana. Dessa forma, para poder conhecer melhor esse povo e poder negociar a sua retirada, é desenvolvido um protótipo de um corpo de um Na’vi, operado pelo cérebro de um humano – os Avatares. Jake Sully, interpretado pelo ator Sam Worthington, é a figura principal desta sequela. O personagem ficou paraplégico após um combate na Terra e é selecionado para participar no programa Avatar em substituição ao seu irmão gémeo falecido. Desta forma Jake pode novamente voltar a andar, com o seu Avatar percorrendo as florestas de Pandora e liderando os soldados. Até que conhece Neytiri (Zoe Saldana), uma feroz Na’Vi que serve de tutora para a sua ambientação na civilização alienígena.