Gestão de tempo: um dos muitos bichos de sete cabeças para a generalidade dos mortais. Tempo é uma commodity irrecuperável, pois não é possível ‘comprar’ nem mais um segundo de vida. A única forma de ‘ganhar’ tempo é otimizar o pouco que ainda resta. Essa é a principal razão pela qual gerir o tempo é um fator de stress, e a principal razão pela qual gostaria de partilhar algumas reflexões sobre a matéria.
A reflexão primeira prende-se com as razões pelas quais o leitor dá para si, num dado momento da sua vida, em desvantagem, e a precisar urgentemente de domar as feras que são os ponteiros imparáveis do seu relógio. A prática de gestão em questão requer disciplina e método, razão pela qual eu (como muitos), andei muito tempo às aranhas com o processo, até conseguir equilibrar as frações da minha vida quotidiana.
As instituições de ensino têm um papel fulcral que pode ser mais impactante no dia em que tomarem a decisão de privilegiar o ensino de competências transversais à vida como um todo.
É certo que o dia só tem vinte e quatro horas, e nelas não cabe o mundo. Por esse motivo, como ambicioso e curioso que sou, quis sempre tudo ao mesmo tempo, de todas as formas e feitios, sendo o principal deles, muito stress.
A minha experiência da vida tem vindo a melhorar significativamente nos últimos anos, por força de um maior foco e redução do espetro de ação. Como consequência, a minha segunda reflexão é que vale a pena experimentar muita coisa, de muitas formas e rápido, sempre que não seja claro o que se pretende. Executar os vinte por cento de ações que dão origem a oitenta por cento dos resultados pretendidos é a chave para fazer mais coisas no total, ainda que menos focado em cada uma.
Na anterior reflexão cabe também o seguinte: a partir do momento em que seja minimamente claro o rumo a seguir, a mais-valia e usufruto existe na proporção do foco no rumo (ou rumos) que se procura. Se é futebol que tu queres jogar bem, treinos de natação, ballet e badminton só te vão atrasar o estrelato.
Como partilhei, nem sempre geri bem o meu tempo. Consequência disso, nem sempre estive sereno e confiante do caminho que escolhi percorrer. Aceitar que não há nenhum problema no facto de a minha gestão poder crescer foi crucial, e essa é a minha terceira e última reflexão: o momento em que ganhamos consciência de que podemos gerir melhor o nosso tempo, focar nos aspetos que estão no nosso controlo e procurar, sem pressão, fazer pequenas alterações e incrementos, é o fator que leva o leitor, um dia de cada vez, a conseguir o que consigo hoje – gerir melhor o meu tempo.
Não posso deixar de comentar a ironia que é levar tempo a que se aprenda a gerir melhor o tempo. É parecido a trocar uma nota de cinco euros por cinco moedas de um. Num futuro breve, as gerações vindouras terão na escola uma aprendizagem para a vida, e não apenas uma aprendizagem para a profissão. Para já, resta fazer em serenidade, o melhor que se pode com o pouco que se tem.