Salvador Rolando Ramos tinha feito 18 anos no dia 16 de maio. O jovem, autor do massacre que provocou a morte de 19 crianças e duas professoras numa escola primária em Uvalde, no Texas, terá aproveitado o dia comemorativo para comprar duas armas, revelou um senador daquele estado.
As professoras mortas foram identificadas como Eva Mireles e Irma Garcia, diz a Sky News. Mireles tinha uma filha, era casada com um polícia e dava aulas há 17 anos.
De acordo com o que se sabe, Salvador estudava na Escola Secundária de Uvalde, cidade onde também residia. Nas redes sociais, partilhava imagens de armas e munições, adianta o Daily Mail. Num fotografia publicada no Instagram, o jovem identificou uma rapriga a quem terá mandado uma mensagem a dizer: "Tenho um pequeno segredo que te quero contar. Fica feliz por te ter identificado".
Em conferência de imprensa, o chefe da polícia do Distrito Escolar Independente Consolidado de Uvalde, Pete Arredondo, revelou que o jovem "agiu sozinho durante este crime hediondo" e que morreu durante o tiroteio, tendo o governador do estado do Texas, Greg Abbott, revelado que Salvador tinha sido abatido pela polícia.
Uma investigação preliminar tornou possível saber que o jovem "abandonou o seu carro e entrou na Robb Elementary, em Uvalde, com uma pistola e pode também ter tido uma espingarda" – não se sabendo, contudo, se foram estas armas que comprou no seu aniversário.
Abbott disse ainda que Salvador tinha atirado sobre a sua avó antes de entrar na escola, que está hospitalizada em estado crítico. Até agora, não se conhecem os motivos do tiroteio.
De acordo com fontes policiais, o jovem entrou na escola e disparou indiscriminadamente. Além disso, estava a usar um colete à prova de bala, o que dificultou a tarefa de o deter mais cedo, tendo sido necessário esperar por uma equipa especial.
As autoridades encontram-se agora a tentar perceber o que motivou o jovem a levar a cabo este ataque, que ocorreu pelas 12h locais (18h em Lisboa) de terça-feira, na Robb Elementary School, onde estudam cerca de 600 crianças, entre os 5 os 11 anos.
Este é o segundo tiroteio mais mortífero numa escola na história dos Estados Unidos, seguindo o ataque que, em dezembro de 2012, vitimou mortalmente 26 pessoas, entre as quais 20 crianças de 6 e 7 anos. Este foi levado a cabo pelo jovem de 20 anos Adam Lanza, que depois de disparar contra a sua mãe, entrou a disparar na Sandy Hook Elementary School, em Connecticut, e cometeu suicídio de seguida.
Segundo um amigo de Salvador, citado pelo The Washington Post, o jovem sofria de bullying na escola e chegou a ser vítima de comentários homofóbicos por ter partilhado uma fotografia a usar lápis preto nos olhos.
Stephen Garcia descreve o atirador como "o miúdo mais simpático, o mais tímido", assim como "um bom amigo". Para Garcia, Salvador "só precisava de sair da sua concha".
O jovem lembra os momentos passados com Salvador, em que jogavam, "ele ia buscar lanches à escola", bebiam granizados e comiam Takis. “Éramos miúdos normais, só dois miúdos preguiçosos”.
Stephen Garcia afirmou ao mesmo órgão de comunicação que tinha perdido o "amigo há muito tempo". Ao entrar para o ensino secundário, Garcia mudou de cidade com a família e tudo mudou na sua relação com Salvador: "Ele começou a ser uma pessoa diferente", referiu, acrescentando que este "continuava a piorar cada vez mais".
Quando Stephen mudou de casa, Salvador começou a usar preto, botas militares e deixou crescer o cabelo "como um assassino em série", disse. O jovem afirma que tentou manter a amizade com o amigo mas que este se começou a afastar e que a última vez que falaram tinha sido há dois meses, numa chamada rápida, uma vez que Salvador tinha ido caçar com o tio.
“Acho que ele precisava de ajuda mental. E de resolver a relação com a família. E de amor”, afirma Garcia.
Outro amigo, Santos Valdez, relata a mesma mudança de comportamento ao The Washington Post e lembra que, um dia, Salvador apareceu com cortes na cara. Inicialmente disse que tinha sido um gato, mas depois admitiu ter autoinfligido os cortes.
O vizinho, Ruben Flores, de 41 anos, relata ainda problemas do jovem com a mãe. Nos últimos meses, Salvador mudou-se inclusivamente para a casa da avó, a sua primeira vítima.