por Aristóteles Drummond
O ex-governador de São Paulo João Doria sofreu um revés no mínimo constrangedor ao ser abandonado por seu partido. Empresário de sucesso, entrou para a política que sempre o atraiu. O pai foi deputado e perdeu o mandato com a Revolução, em 64. Antes, Doria foi presidente da Embratur, empresa governamental de promoção do turismo. Entrou na política como candidato à Prefeitura de São Paulo, enfrentando o então prefeito Fernando Haddad, desgastado na gestão. Daí foi para o governo do Estado de São Paulo, embarcando, no final, na campanha de Bolsonaro. Logo que pôde, brigou com Bolsonaro, pensando em ser um polo de oposição, lugar reservado para as esquerdas e o mesmo Fernando Haddad, que ele derrotou, mas foi candidato de Lula na presidencial e agora para o governo paulista.
Isolado dos políticos, mal na opinião pública, Doria conseguiu vencer as prévias do PSDB, seu partido, mas agora teria de passar pela convenção, que vai homologar a aliança com o MDB e apoiar a candidatura da senadora Simone Tebet. Ele não tem aliados fora de São Paulo, onde seu vice, hoje governador, já disse que apoia a decisão da cúpula partidária. Ou seja, João Doria ficou na estrada só. E acabou tendo de renunciar.
VARIEDADES
• O assunto continua a ser o casamento de Lula da Silva. Embora tenha sido um evento particular, privado, a própria assessoria de Lula ficou mal ao especular que a festa teria um custo inferior a 20 mil euros. Ora, a casa de eventos é Premium, a decoração fotografada com mesas para os 200 convidados, com flores e o salão decorado. Qualquer pessoa da classe média sabe que o custo não poderia ficar em menos de cem mil euros equivalentes em reais. O casamento contou com a presença de Dilma Rousseff, que é uma lembrança negativa para o PT e os artistas de esquerda, a começar por Chico Buarque de Hollanda, padrinho, e Gilberto Gil, que foi ministro da Cultura. Lula e Bolsonaro disputam não apenas a Presidência, mas também erros de campanha inquestionáveis.
• Começa a andar a privatização da Eletrobras, a maior do país, que vai transformar a holding do setor elétrico público numa corporation. Ou seja, não vai ter controlador e o governo terá a golden share.
• As posições de Bolsonaro tentando influir na política de preços dos combustíveis e da energia elétrica pode provocar novas mudanças no governo. E a troca de farpas com o Judiciário também produz reações no próprio governo.
• Na área da covid, em São Paulo cresce o número de internações há duas semanas. Mas a vida no país parece voltar ao normal.
• O respeitado ex-ministro da Economia Maílson da Nóbrega, declarou que Lula e Bolsonaro estão desfasados em relação à Petrobras. Lula quer manter um controle político e Bolsonaro quer mandar na política de preços dos combustíveis.
• A velha tentação mundial, de origem demagógica e da esquerda equivocada, ronda o Ministério da Economia. É aventar a possibilidade de aumentar a taxação dos super-ricos, no dizer do ministro Paulo Guedes. Não deu certo em nenhum lugar do mundo e, por essas e outras, são às centenas as grandes fortunas familiares brasileiras hoje com domicílio fiscal fora. Portugal, Uruguai, Suíça e Reino Unido são os destinos escolhidos.
• Manter o Corcovado aberto para visitação até a meia-noite é a proposta que está colhendo assinaturas. O autor da ideia é o deputado Júlio Lopes, que considera o local atrativo no entardecer e aceitaria bem uma programação musical duas noites por semana.
Rio de Janeiro, maio de 2022