Jon Bon Jovi e o mundo do vinho rosé: do estrelato no Rock n’ Roll às vinhas de França
Melhor conhecido pelo seu papel como vocalista dos Bon Jovi, banda mítica e inesquecível dos anos 80, John Francis Bongiovi Jr., ou seja, Jon Bon Jovi, é, também, um fã e um produtor de vinho rosé. Em 2018, a estrela de rock associou-se ao seu filho Jesse e ao enólogo Gérard Bertrand para criar o Hampton Water Rosé, o vinho com aquele característico tom rosa que conjuga a vida nos Hamptons, nos Estados Unidos – um dos destinos de férias dos mais ricos do estado de Nova Iorque, onde se diz, em tom de brincadeira, que se bebe mais rosé do que água – com a ‘arte de viver’ do sul de França.
É a ‘reinvenção’ de Jon Bon Jovi, aos 60 anos, que procura assim explorar novos campos e criar um produto ‘em família’, com o seu filho Jesse, que descreveria assim mesmo o vinho ao jornal espanhol EL PAÍS: «É o espírito Hamptons: amigos, família e dias lindos, tudo isso melhorado com uma deliciosa garrafa de rosé.» Palavras proferidas numa recente festa de lançamento do vinho, em Paris, com a Torre Eiffel a servir de pano de fundo.
Desde então, o volume deste vinho nos Estados Unidos duplicou, representando não só o crescimento da popularidade do vinho rosé nesse país, mas a própria qualidade e o ‘renome’ dados, tanto pelo apelido Bon Jovi, como pelo de Bertrand, que conquistou ao longo dos anos uma grande popularidade como produtor na região francesa de Languedoc.
«O Hampton Water é muito bem-sucedido porque é consistentemente classificado acima de 90/100 na maioria dos guias de degustação e também porque é voltado para pessoas da minha idade», comentou Jesse Bon Jovi, citado pelo Parisien. «Os americanos apreciam este rosé porque é fácil de beber», continua Jon Bon Jovi.
Se é certo que quem colocou o nome e a ‘marca’ deste vinho foram pai e filho Bon Jovi, o verdadeiro ‘cientista’ por trás do rosé Hampton Water é, claro, Gérard Bertrand, que explicou ao mesmo meio de comunicação francês: «Para criar o seu rosé, os Bon Jovi escolheram o sul da França porque adoram o terroir e os lugares secretos escondidos. Vinificamos com uvas provenientes de parcelas das nossas diferentes quintas. Agora fazemos isso juntos. E optámos por envelhecer parte do vinho em barricas de carvalho, de forma a potenciar a sua complexidade e comprimento.»
A Casamigos do galã George Clooney
Nem só no rosé, no entanto, se focam os famosos. Se Jon Bon Jovi se virou para as vinhas do sul da França, George Clooney preferiu, por sua vez, virar-se a sul da fronteira dos Estados Unidos. O galã contemporâneo de Hollywood é (ou foi, pelo menos) o homem por trás da tequila Casamigos, que em 2021 superou o milhão de caixas vendidas.
Em 2017, no entanto, o ator vendeu a marca à Diageo, dona da Smirnoff, Johnnie Walker e da cachaça Ypióca, num negócio que terá rendido ao ator 700 milhões de dólares. «Se, há quatro anos, me perguntassem se tinha uma empresa bilionária, teria dito que não», comentou na altura.
A história desta marca remonta, no entanto, a 2013, ano em que George Clooney se associou a Rande Gerber e Mike Meldman para criar, no México, esta marca de tequila, que cresceu exponencialmente desde 2019, e que foi feita para «beber a noite toda com os amigos». Nesse ano, reza o relatório The Brand Champions 2021, foram vendidas 100 mil caixas de 9 litros desta tequila. Um número que cresceu até às 600 mil caixas em 2019 e, em 2020, a 1,1 milhões de caixas.
X para especial: o vinho de Sarah Jessica Parker
Quem nunca se aventurou a imitar as protagonistas da famosa série Sex and the City, de copo de vinho em mãos a pensar sobre a vida sentado no sofá, que atire a primeira pedra. Sarah Jessica Parker, que representava Carrie nesta cosmopolita série, levou a personagem a um outro nível, e decidiu seguir pelo mundo do vinho, criando o Invivo X, SJP, uma mistura da «audácia de Nova Iorque» com «as melhores regiões vinícolas do mundo e a vinificação da Nova Zelândia», segundo a própria marca o descreve. Curiosamente, este é um vinho que nasce ele próprio de uma outra parceria comercial criada entre Sarah Jessica Parker e a Invivo, relacionada com a produção de perfumes.
E a atriz adora envolver-se na criação e no desenho deste vinho, que, em outubro do ano passado, lançou o terceiro vintage do seu Sauvignon Blanc. «É sempre um prazer passar as tardes a degustar. Estamos tão orgulhosos deste vintage, tem uma fragrância incrível, juntamente com um sabor e sensação na boca únicos, mas ainda está de acordo com o estilo de Sauvignon Blanc, que eu descobri que pode ser mais flexível do que eu pensava originalmente», comentou a atriz.
Levante voo com o Aviation de Ryan Reynolds
Ryan Reynolds é, sem discussão possível, um dos sex symbols mais atuais de Hollywood. E o que é que não pode faltar nas mãos de um ator desse gabarito? Um copo de gin. Pois bem, Ryan Reynolds decidiu levar a figura a um outro nível, e investir ele próprio numa marca desta bebida. Aviation, chama-se o gin do ator, com os sabores típicos da produção norte-americana deste néctar, que começou a ser produzido em Portland, no estado de Oregon. O nome presta homenagem ao cocktail homónimo criado em 1916 por Hugo Ensslin, que misturava gin, cereja maraschino, crème de violette e sumo de limão.
A marca está intrinsecamente associada a Ryan Reynolds desde que o ator comprou parte dela, em 2018 e, tal como aconteceu com a Casamigos de George Clooney, a mesma acabou por ser comprada, em 2020, pela Diageo.
Reynolds, por sua vez, não deixa de lado a oportunidade de promover a marca nos variados filmes onde participa, tal como Deadpool 3. Isso ou através de parcerias, como a que fez com a companhia aérea British Airways, que passou a incluir esta marca de gin nas suas opções de bebidas.
O vinho ‘limpo’ de Cameron Diaz
Avaline é o nome do vinho fundado pela atriz Cameron Diaz, em parceria com Katherine Power. É um vinho ‘limpo’, garantem ambas, com «uvas orgânicas» e ‘sem segredos’. «Estávamos a falar sobre como queríamos ser mais conscientes sobre o que entrava nos nossos corpos, e olhámos para a garrafa de vinho e fomos lembradas de que é um dos únicos produtos de consumo sem informações nutricionais ou informações de serviço», dizia Power, sócia de Diaz, em conversa com a plataforma BAZAAR.com. «E nós apenas pensámos: estamos a comprar mantimentos orgânicos, estamos a escolher produtos limpos para a pele e produtos domésticos não tóxicos. E [com o vinho], nós meio que dizemos a nós mesmas, ‘Isto são apenas uvas, certo?’».
Depois, contam ambas, seguiu-se uma viagem pela Europa para entrar em contacto com os sabores e as vicissitudes do vinho. Decidido o conceito, o par regressou a Los Angeles, onde desenhou o ‘branding’ da marca, e voilà: eis o Avaline, que chegou aos mercados em julho de 2020, estando atualmente presente em mais de 5 mil lojas nos EUA.
O espumante rosé que perdura através da tempestade
Esta é, talvez, uma das marcas de bebidas alcoólicas ligadas a celebridades mais conhecidas do mundo. Brad Pitt e Angelina Jolie chegaram às vinhas de Château Miraval em 2008, e desde então ficaram para sempre ligados às mesmas, ajudando a produzir alguns dos melhores vinhos do mundo, com a ajuda da família Perrin, famosa em Château de Beaucastel. Foi o local onde casaram, em 2014, e tem sido alvo de muita disputa no meio do tumultuoso processo de divórcio entre Pitt e Jolie. Isto para não referir que, em 2013, o primeiro ‘lote’ de 6 mil garrafas de vinho produzidas pelo casal esgotou, alegadamente, em poucas horas.
Em 2021, nova ‘festa’ para Miraval: foi lançado o espumante rosé Fleur de Miraval, criado com a ajuda do famoso Pierre Péters, que entrou ‘a matar’, transformando-se numa das bebidas servidas na cerimónia dos Óscares desse ano.
Mas não só de vinho se faz Miraval: a localidade foi também palco, há várias décadas, da gravação do álbum The Wall, dos Pink Floyd.. O estúdio entretanto fechou, mas, neste verão, Brad Pitt quer reabri-lo.
Açúcar moreno na forma de bourbon, de Jaime Foxx
Por vezes, as ideias de investimento surgem nos locais menos esperados. Em 2019, Jaime Foxx, mítico ator de Hollywood, estava numa festa, quando reparou que os seus convidados regressavam constantemente ao bar para pedir segundas e terceiras doses de uma determinada bebida: Brown Sugar Bourbon, um blend de bourbon que inclui açúcar moreno e canela. Conclusão? O ator decidiu comprar a marca e investir nela, à procura de lucrar do aparente sucesso da mesma.
«Possuir uma marca que traz vida doce à festa sempre foi um objetivo e com o BSB estamos a fazer isso acontecer. Eu sempre vivi pela regra de que a vida é curta, e precisas de sair e fazer o que quiseres. Este é o momento certo da minha vida para ter uma bebida com a qual me sinto confortável», contou o ator à revista Fortune, recordando que o primeiro contacto com o BSB foi em 2008, precisamente numa festa. «A marca fala por si. Não parece forçado. Foi uma longa busca, mas finalmente encontrei uma marca que faz sentido para mim. Depois de provar o BSB, percebes que não é apenas uma bebida alcoólica – é uma experiência», garante o mesmo.
818, a tequila de Kendall Jenner
Os apelidos Jenner e Kardashian dominaram o mundo na última década, e não há um setor onde as socialites não tenham a unha, porque não só de maquilhagem e de desfiles se fazem os negócios desta família. Kendall Jenner, de apenas 26 anos de idade, é a embaixadora da tequila 818, feita em Jalisco, no México, com a ‘bênção’ da supermodelo. «Escolhida a dedo por jimadores; cozida em fornos tradicionais de tijolos; envelhecida em barris de carvalho; e trazida para si e para a sua família diretamente da nossa», assim se promove a tequila que tem como madrinha Kendall Jenner, que dá a cara à marca, vencedora de 16 prémios de degustação em seis competições internacionais de bebidas espirituosas, como a própria marca promove no seu website.
Como não poderia deixar de acontecer, o lançamento desta tequila veio com alguma polémica, sendo Jenner acusada de se ‘apropriar’ da cultura mexicana para fins lucrativos. «Além de salvar o planeta, é importante para nós sermos amigáveis com a comunidade também», respondeu, garantindo promover várias ações junto da comunidade local em Jalisco.
Vodca real assinada por Kate Hudson
A atriz Kate Hudson lançou-se, em 2019, na indústria das bebidas alcoólicas, ao colocar no mercado a vodca King Street, uma «bebida produzida para viver todas as experiências», como promove no seu website.
Corria o ano de 2019 quando Hudson se lançou neste mercado, com uma vodca sem glúten e feita a partir de águas alcalinas.
Destilada em Santa Bárbara, na Califórnia, esta bebida resulta, tal como em outros casos, das memórias de Hudson de receber amigos na sua antiga casa, precisamente em King Street, na cidade de Nova Iorque. «O meu lado criativo achou que seria um desafio divertido desenvolver uma vodca para o meu paladar, e numa embalagem linda que eu adoraria ter no meu bar e partilhar com os amigos. A pessoa de negócios em mim agora está ansiosa pelo desafio de construir uma marca numa indústria totalmente nova», disse Hudson na altura. A mesma Kate Hudson que, em 2013, co-fundou a Fabletics, uma marca de roupa desportiva, o que mostra um lado de business woman muito ativo na atriz que protagonizou o filme Bride Wars, em 2009.
A parceria entre Maniche e a Quinta da Pacheca
Por cá, também já encontramos exemplos de figuras famosas que decidiram colocar o seu nome no rótulo de uma bebida alcoólica. O caso mais conhecido é o de Maniche, antigo jogador do FC Porto, que fez uma parceria com a Quinta da Pacheca, uma das mais conhecidas propriedades vinícolas do Douro, e lançou, em novembro de 2020, o Dezoito, by Maniche, em homenagem ao número que usou nas costas durante longos anos. Mas o projeto já vinha sendo maturado desde 2016, em conjunto com a equipa de enologia da Quinta da Pacheca, liderada por Maria Serpa Pimentel.
«Foi quando vim para o FC Porto que comecei a beber vinho, sobretudo ao almoço com os colegas, dentro dos limites, claro», revelou o jogador, ao DN, na altura em que o vinho foi lançado. O branco, de 2019, com castas Viosinho e Moscatel Galego, e o tinto, de 2018, com Touriga Franca, Touriga Nacional e Tinta Roriz.
A produção já chegou a países como França, Suíça e Alemanha, estando ainda assim previsto que o mercado se expanda, para «valorizar o que é nosso e levar o bom nome do vinho português lá fora», argumenta o antigo internacional português.