Após uma interrupção de dois anos, devido à pandemia de covid-19, Lisboa volta a festejar os Santos Populares sem restrições, com festas a despontar em todo o país. No entanto, devido ao elevado número de infetados Graça Freitas mostrou estar preocupada com os festejos que se avizinham.
«Olho [para os festejos] com cautela e com alguma preocupação, mas não com alarme. É verdade que temos um número bastante elevado acima dos 80 anos e também na faixa etária dos 70 aos 79. Mas neste momento, apesar de tudo, atingimos em termos de novos casos por dia, um planalto», explicou, em declarações ao Fórum TSF, a diretora-geral da Saúde, assumindo «alguma preocupação» perante os números verificados.
De seguida, a dirigente deixou claro que a população «deve estar atenta» ao elevado número de infetados na medida em que, ainda que «a letalidade e a gravidade sejam baixas, se houver muitos casos na população, obviamente teremos mais internamentos e mais mortes». «Temos de olhar para isto com respeito, humildade, atenção e contrariar, que é o nosso papel, a tendência expansionista do vírus», frisou.
«Neste momento, há uma carga tão grande de vírus em circulação que é nossa obrigação, como comunidade, como serviços, como médicos, como Ministério da Saúde, fazer aquilo que estiver na nossa mão de medidas de proteção», realçou, apelando aos portugueses que mantenham as medidas de segurança apreendidas nos últimos dois anos, como a desinfeção das mãos ou a utilização de equipamento de proteção individual. «É óbvio que nós nos vamos aproximar, de um período, o período das festas dos Santos Populares, que por si só, é um período de risco», salientou, sendo que os dados avançados, esta sexta-feira, pela Direção Geral da Saúde (DGS), indicam que Portugal registou esta quinta-feira quase 30 mortes e mais de 25 mil casos por covid-19.
Estes são os números mais baixos da semana – o número de mortes esteve sempre acima das 30 e o de casos acima de 26 mil. Importa mencionar que Lisboa e Vale do Tejo tem um Rt de 1,06, o Algarve de 1, os Açores de 1,16 e a Madeira de 1,22. Em maio, como o i avançou esta semana, morreram 863 pessoas com covid-19 em Portugal, 18 vezes mais do que há um ano. Foi o mês de maio com o maior nível de mortalidade por todas as causas pelo menos desde 1980, com mais de 10 mil mortes, 1500 acima da média dos últimos cinco anos.
«Estou de facto preocupada. Com o aproximar dos Santos, vamos ter mais oportunidades de que a transmissão se faça. O apelo é um apelo a cada um para agir em conformidade com este risco. Obviamente que é impossível travar o movimento dos Santos Populares e das festas e dos ajuntamentos. Mas pelo menos até lá não aumentar a carga de doença, não a aumentar quantidade de vírus que ainda circula entre nós e chegar a esses dias numa situação mais confortável», concluiu Graça Freitas.