Isabel II encanta britânicos ao aparecer na varanda do Palácio de Buckingham no fim do Jubileu de Platina

As comemorações reuniram tanto ingleses como estrangeiros que, unidos, celebraram o reinado de 70 anos da monarca mais antiga do país. 

Após dois dias de ausência, a rainha Isabel II encantou os britânicos, no decorrer do Jubileu de Platina, ao fazer uma tão esperada aparição na varanda do Palácio de Buckingham, que marcou quatro dias de celebrações. Com ela, estiveram o príncipe Carlos, Camilla, os duques de Cambridge e os três filhos deste casal.

Seguiu-se o Platinum Pageant que contou a história da sua vida e da nação, com uma "exibição carnavalesca excêntrica, divertida e imaginativa", como narrou a BBC. Durante a aparição da rainha, um coro de celebridades, incluindo Sir David Jason, Harry Redknapp, Sir Cliff Richard, Sandie Shaw e Felicity Kendal, participaram numa interpretação de "God Save The Queen". Para além deste momento musical, a tarde deste domingo foi marcada por outros, como aquele em que o cantor Ed Sheeran cantou o tema “Perfect” em homenagem à rainha e ao duque de Edimburgo, que morreu em abril de 2021.

As comemorações reuniram tanto ingleses como estrangeiros que, unidos, celebraram o reinado de 70 anos da monarca mais antiga do país. 

Em fevereiro, o i narrou a forma como Isabel II transitou de terceira na linha de sucessão à representante do quarto reinado mais longo da História. Faltava um ano para Estaline morrer e deixar de governar a União Soviética. Mao Tsé-Tung somente viria a abandonar o cargo de Presidente da República Popular da China sete anos depois. Naquele mesmo ano de 1952, a 7 de outubro, nasceria Vladimir Putin; a 4 de novembro, Dwight Eisenhower era eleito Presidente dos EUAcom 55% dos votos. Mas a data que agora se assinala é outra: há exatamente sete décadas, a 6 de fevereiro, o Rei Jorge VI não resistiu ao cancro do pulmão e morreu na Sandringham House, em Norfolk, aos 56 anos.

Dias antes, a 31 de janeiro, o monarca havia sido aconselhado a não ir ao aeroporto de Heathrow despedir-se da sua filha Isabel antes desta viajar até ao Quénia, a paragem que faria com o marido, Filipe, duque de Edimburgo, antes de partir para a Austrália e a Nova Zelândia. Nas viagens anteriores, o secretário de Isabel, Martin Charteris, não esquecera por um segundo o rascunho de uma declaração de ascensão. Principalmente, em ocasiões como o encontro com Harry S. Truman, em Washington, D.C, na eventualidade de o monarca perder a vida.

O príncipe Filipe, após ter conversado com a mulher, questionou-a acerca do nome régio que adotaria e a mesma não hesitou em responder: “O meu próprio nome, Isabel, é claro. Que outro poderia ser?”. De regresso a Inglaterra, aos 25 anos, vestida de preto, acenou ao público enquanto regressava a Clarence House, em Londres. A 8 de fevereiro, foi proclamada Rainha. 

O primeiro-ministro Winston Churchill apontou o facto de Isabel II, aos 25 anos, ser “apenas uma criança”. Todavia, quando esta regressou a Inglaterra, foi o primeiro a notar que os reinados das rainhas haviam sido “famosos” e que “alguns dos maiores períodos da nossa História se desenrolaram sob o seu cetro”. A seu lado, Margaret Thatcher, que mais tarde se tornaria a primeira mulher a ser primeira-ministra, escreveu numa coluna de jornal na época: “Se, como muitos juram fervorosamente, a ascensão de Isabel II pode ajudar a eliminar os últimos resquícios de preconceito contra as mulheres em lugares de topo, então uma nova era para as mulheres estará realmente próxima”.

Somente a 2 de junho de 1953, na Abadia de Westminster, Lilibet, como sempre foi carinhosamente tratada pela família, subiu oficialmente ao trono. Nesta cerimónia, fez o juramento de garantir cumprir a lei e governar a Igreja de Inglaterra, foi ungida com óleo sagrado, vestida com o manto e insígnias e coroada rainha do Reino Unido, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Paquistão e Ceilão (agora Sri Lanka).

Importa lembrar que a rainha deu ao príncipe Filipe a tarefa de liderar o comité de organização da sua coroação e este quis modernizar o evento, permitindo câmaras de filmar no local. Tanto Isabel II como Churchill inicialmente rejeitaram a ideia, mas o seu posicionamento modificou-se quando entenderam que o público pretendia a cobertura televisiva da cerimónia e, assim, este viria a ser o primeiro grande evento internacional a ser transmitido.

Três milhões de ingleses juntaram-se nas ruas para aplaudir enquanto a Rainha seguia para a abadia numa carruagem de ouro envergando um vestido adornado com os símbolos da Grã-Bretanha e da Commonwealth, incluindo uma rosa, um cardo, um trevo, uma folha e um feto. Ainda que os momentos mais íntimos tenham ficado longe dos olhares curiosos, sabe-se que a então jovem “foi ungida com óleo sagrado sob um dossel e, segurando um cetro e equilibrando uma coroa de ouro maciço na cabeça, assumiu o trono”, como a Time divulgou em junho de 2018, num artigo intitulado de “Isabel II não estava à espera de ser rainha. Aqui está como tudo aconteceu”.

Será Camilla a próxima rainha consorte? “God save our gracious Queen / Long live our noble Queen / God save The Queen / Send her victorious / Happy and glorious / Long to reign over us / God save The Queen” são os primeiros versos de ‘God Save the Queen’, o hino nacional britânico e dos territórios ultramarinos daquele país que terá sido escrito pelo compositor John Bull em 1619.

De facto, apesar de todas as adversidades, Isabel II tem conseguido levar a cabo um reinado que gera consensos e, acima de tudo, é o quarto mais longo da História. À frente de Elizabeth Alexandra Mary estão João II do Liechtenstein – 70 anos e 91 dias de reinado, que começou a 12 de novembro de 1858 e terminou a 11 de fevereiro de 1929 –, Bhumibol Adulyadej (Rama IX), antigo Rei da Tailândia – 70 anos e 126 dias, no período compreendido entre 9 de junho de 1946 e 13 de outubro de 2016 – e, em primeiro lugar, encontra-se Luís XIV de França, com o recorde de 72 anos e 110 dias – o “Rei Sol” desempenhou funções de 14 de maio de 1643 até à sua morte a 1 de setembro de 1715.

Volvidos 25567 dias da coroação, “sua Majestade a Rainha organizou uma receção para membros da comunidade local e grupos de voluntários em Sandringham House na véspera de completar o 70.º aniversário do seu reinado”, disse o palácio, em comunicado, sendo que a monarca foi fotografada a cortar um bolo especialmente produzido para a ocasião.

“É com muito prazer que renovo o juramento que fiz em 1947 de que minha vida seria sempre dedicada a servi-los”, disse numa mensagem partilhada pelo palácio de Buckingham nas redes sociais. “Sou afortunada por ter tido o apoio firme e amoroso da minha família. Fui abençoada por ter tido no príncipe Filipe um parceiro disposto a carregar o papel de consorte de maneira altruísta, fazendo os sacrifícios necessários. É um papel que eu vi a minha mãe desempenhar a vida toda durante o reinado do meu pai”. Seguindo esta linha de pensamento, fez uma revelação que tem gerado controvérsia: “E quando, no devido tempo, o meu filho Carlos se tornar Rei, eu sei que vocês dar-lhes-ão, a ele e à sua esposa Camilla, o mesmo apoio que me deram; e tenho o desejo sincero de que, quando chegar o tempo, Camilla seja conhecida como Rainha Consorte ao continuar o seu leal serviço”, frisou, concluindo que espera que “este Jubileu reúna famílias e amigos, vizinhos e comunidades”.

“Estamos profundamente conscientes da honra representada pelo desejo da minha mãe. Como temos procurado juntos servir e apoiar Sua Majestade e o povo das nossas comunidades, a minha querida esposa tem sido o meu apoio constante ao longo de todo o processo”, avançou este domingo o príncipe Carlos, numa declaração comemorativa para assinalar o Jubileu de Platina da progenitora, enquanto um porta-voz da família real britânica garantiu que a duquesa da Cornualha ficou “sensibilizada e honrada”.

Habitualmente, as e os consortes das e dos monarcas não detêm qualquer poder, ou seja, não exercem nenhum papel constitucional. Mas, a título de exemplo, o príncipe Filipe acompanhava a esposa em diversas cerimónias dentro e fora do Reino Unido e servia a Coroa. Antes de se afastar dos seus cargos, em 2017, aquele que viria a ser o consorte que esteve mais tempo em funções participava em cerca de 300 eventos por ano, entre inaugurações, visitas, discursos ou refeições.

Recorde-se que, depois de Carlos, encontram-se William, Duque de Cambridge, e o seu filho, o príncipe George, em segundo e terceiro lugares, respetivamente, na linha de sucessão ao trono.