O romance mais invejado dos anos 90

Ficaram conhecidos cada um por mérito próprio. Ela, uma menina de 20 anos, que arregalava os olhos de todos pela sua beleza “singular”. Ele, começou a conquistar o público com os seus personagens desconcertantes. Namoraram pouco tempo, mas foi o suficiente para o mundo não ter esquecido a sua história. Johnny Depp e Kate Moss…

Nos anos 90 o mundo “parou” ao ver nascer aquela que foi uma das relações mais mediáticas de Hollywood. Ninguém tirava os olhos da modelo de 20 anos que acabara de aparecer, Kate Moss, e do novo galã da sétima arte, de 31, que dava vida às personagens de Tim Burton, Johnny Depp. Agora, passados 25 anos da sua separação, a história do casal (que se dá bem) voltou a estar nos tópicos de tendências da internet, desta vez, não pelos melhores motivos. Kate Moss foi uma das testemunhas do ator no julgamento – do qual saiu vencedor – contra a atriz e também sua ex-companheira, Amber Heard. A modelo foi chamada a depor a propósito de uma possível situação de violência entre a si e o artista, situação que acabou por ser desmentida pela mesma.

A história foi na verdade contada pela própria Amber Heard quando descrevia uma alegada agressão que envolvia a sua irmã: “Quando a vi a cair nas escadas pensei na Kate Moss,” afirmou a atriz em tribunal. De acordo com a atriz, existia um boato de que Depp já havia feito a mesma coisa com a modelo enquanto o casal estava de férias na Jamaica. Contudo, em tribunal, Kate respondeu afirmativamente sobre o facto de ter passado férias com o ator num resort na Jamaica, mas refutou as afirmações de que este tinha sido agressivo consigo. “Estávamos a sair do quarto e o Johnny tinha saído antes de mim. Tinha havido uma tempestade. Quando estava a sair, escorreguei nas escadas e magoei-me nas costas”, relatou. “Gritei porque não sabia o que tinha acontecido comigo e estava com dores. Ele voltou a correr para me ajudar, levou-me ao colo para o quarto e chamou os médicos”, lembrou. Quando interrogada se Depp tinha sido agressivo com ela, foi perentória: “Nunca me empurrou, deu-me pontapés ou atirou-me pelas escadas”, garantindo que os rumores não correspondem à verdade.

Além disso, segundo o New York Post, que cita uma fonte próxima da modelo britânica, Moss estaria a usar sandálias, terá tropeçado num degrau e, terá sido graças à ajuda de Depp que terá evitado uma queda mais grave.

 

Um romance planeado

Tudo começou num encontro num dos cafés da moda na altura, em Nova Iorque, o Café Tabac. Depp tinha acabado o relacionamento com Winona Ryder e George Wayne, jornalista da Vanity Fair, fez questão de o apresentar à estrela em ascensão. “O Johnny estava nas traseiras a jantar e a Kate entrou com a Naomi Campbell. Eu agarrei nela e decidi apresentá-los. Não fazia ideia que se tornariam no it couple das seguintes temporadas, a destruírem quartos de hotel pelo mundo fora durante a sua ainda inesquecível união”, contou o próprio no Instagram. E, pelos visto, foi aquilo a que chamamos de “amor à primeira vista”. Em 1994, em entrevista à revista Spin, Kate Moss admitiu que “soube desde o primeiro momento em que falaram que iam ficar juntos”. Já no livro de Fred Vermorel Kate Moss: Addicted to Love, Johnny Depp descrevia a modelo como alguém que “gostava dos Abba e de Big Macs”, que o conseguia fazer rir “como mais ninguém” e que aos seus olhos “parecia um anjo”: “É tão bonita que me deixa completamente fascinado”, revelava o ator para o livro publicado em 2007. A relação foi, por isso, sempre bastante intensa quer pelos bons como pelos maus motivos – o casal costuma ser mesmo associado à famosa frase “Sexo, drogas e rock & roll”. Segundo amigos próximos do ator, estes não conseguiam estar separados um do outro. “Eles não conseguem manter as mãos, lábios, bocas ou pernas longe um do outro”, afirmou um amigo na altura do relacionamento à revista People.

Considerada à época a best new thing, na moda, graças às colaborações com a Calvin Klein que a elevaram ao estatuto de ícone fashion e representado a tendência heroin chic, Moss, juntamente com Depp, um jovem fascinante com a carreira em ascensão depois de protagonizar Eduardo Mãos de Tesoura, de Tim Burton, passou a ganhar as manchetes das revistas ao redor do mundo. Em público estes “gabavam-se” do seu amor, demonstrando-o sem qualquer constrangimento: com beijos de língua, apalpadelas, abraços e jogos de olhares. Segundo a modelo, Johnny Depp também era amante de “grandes surpresas”, às vezes bastante criativas: uma das histórias mais conhecidas foi contada pela própria e teve como protagonista um colar da Tiffany’s, oferta do namorado. No Fashion Film, Kate partilhou-a: “Ele disse-me: ‘Kate, tenho alguma coisa no meu rabo, não sei o que é, podes ver para mim?’”, relembrou. “Eu só o conhecia há três meses! Coloquei a minha mão na parte de trás das calças e tirei a porra de um colar da Tiffany’s. Foi bom não encontrar um furúnculo! Este colar tem muita classe”, brincou. O casal ficou conhecido também pelos seus famosos ensaios fotográficos, os mais conhecidos realizados por Annie Leibovitz e François Marie Banier, este último de ambos no seu dia a dia, em situações de rotina.

 

Sexo e drogas

Mas a relação de Moss e Depp foi também marcada desde o início por excessos com drogas, álcool e festas. E o casal foi falado também pelas grandes polémicas em torno das suas estadias em hotéis de luxo. Segundo vários meios de comunicação internacionais, ambos adoravam namorar sob o efeito de diferentes substâncias ilícitas. Dizem que chegaram a fazer sexo em cada um dos 63 quartos do Chateau Marmont, em Los Angeles; no Portebello Hotel, em Londres, mandaram encher uma banheira com champanhe para que pudessem “brincar à vontade”. Em setembro de 1994, o artista chegou mesmo a ser preso por danos materiais no Mark Hotel, em Nova Iorque, depois de destruir a suíte master onde o casal se encontrava hospedado, durante uma alegada discussão. Contudo, Kate foi encontrada ilesa pela polícia e, apesar do ator, não ter chegado a ser acusado judicialmente, foi condenado a pagar 9,7 mil dólares de multa ao hotel. “Apenas Johnny sendo Johnny”, admitiu um amigo na época. “Acho que Johnny obviamente tem um temperamento difícil, mas este é um incidente pequeno. O serviço de quarto deve ter sido péssimo”, comentava o cineasta John Waters. “Em vez de bater nas mulheres, ele fica com raiva e desabafa de outras maneiras”, confessou outro amigo de longa data do ator, não identificado, em entrevista à People em outubro de 1994.

Nos anos seguintes, os escândalos relacionados com o consumo de drogas acabaram por atormentar o casal. A modelo chegou mesmo a receber a alcunha de “Cocaine Kate” por parte dos tabloides, depois de terem sido partilhadas pelo Daily Mirror, imagens da modelo a cheirar cocaína, em 2005. Depois de uma curta separação em 1997, Moss e Depp reataram a relação em 1998, mas esta não viria a durar muito, terminando definitivamente nesse mesmo ano e de forma amigável.

Aliás, ambos fizeram questão de falar sobre o fim da relação, apesar de em momentos diferentes. Em entrevista à Hello, em 1998, o ator assumiu a culpa pelo fim da relação: “Sou eu quem tem que assumir a responsabilidade pelo que aconteceu… Eu era uma pessoa difícil de lidar, deixei que o meu trabalho atrapalhasse e não lhe dei a atenção devida. Foi uma loucura porque eu nunca deveria ter ficado tão preocupado com o que as pessoas tinham a dizer sobre o meu trabalho”,lamentou, acrescentando que “claro que eu deveria importar-me com os meus filmes, mas quando chegava a casa deveria ter tentado deixar essas coisas para trás. Não conseguia fazer isso e era uma pessoa horrível para se conviver. Confie em mim, eu consigo ser um verdadeiro idiota às vezes”. Já Kate Moss levou mais tempo a falar sobre o término, que, em 2012, à revista Vanity Fair, descreveu como um “pesadelo”: “Não houve ninguém que realmente tivesse sido capaz de tomar conta de mim. O Johnny fez isso! Eu acreditava no que ele dizia!”, partilhou. “Por exemplo, se eu lhe perguntasse o que deveria fazer, ele diria! Eu realmente perdi aquele sentimento de ter alguém em quem podia confiar. Um pesadelo! Anos e anos de choro. Ah, e as lágrimas!”, recordou Moss.

Mas apesar dos diferentes rumos, os dois artistas mantiveram o contacto. Além disso, Johnny Depp também mantém uma boa relação com Vanessa Paradis, a ex-modelo francesa com quem esteve entre 1998 e 2012 e com quem teve os seus dois filhos, Lily-Rose, de 22 anos, e John Christopher, de 20.