Esta é uma das obras mais conhecidas em todo o mundo e, ao longo do tempo, muitas têm sido as histórias que a circulam. Quem será a mulher do quadro que todos conhecem? O que nos transmite? Qual era o objetivo de Leonardo da Vinci quando a pintou? A pintura La Gioconda, também conhecida como Mona Lisa, fascina as pessoas há séculos e o seu intrigante sorriso fez do retrato enigmático uma obra-prima de renome mundial. Na verdade, 80% dos visitantes do Museu do Louvre, em Paris, só se deslocam até ao espaço para a contemplar.
No passado domingo, o quadro foi coberto com um bolo por um homem que se encontrava disfarçado de mulher idosa. Este saltou de uma cadeira de rodas e protestou a favor do Planeta Terra. Mas felizmente, uma vez que a obra está protegida por um vidro de segurança, não sofreu qualquer dano. Segundo vários vídeos e testemunhos nas redes sociais, o homem francês de 36 anos, tentou partir o vidro à prova de bala onde se encontra a obra preciosa, exaltando: «Há pessoas que estão a destruir a Terra. Todos os artistas pensam na Terra. Foi por isso que fiz isto. Pensem no planeta!». Os funcionários do Louvre – onde o retrato ocupa um lugar de destaque – recusaram-se a comentar o incidente que foi filmado e publicado nas redes sociais por centenas de visitantes que lá se encontravam. Nessas imagens, podemos observar um colaborador do museu a limpar o bolo do vidro e o homem vestido de branco a ser escoltado pelos seguranças – acabou por ser detido e colocado em tratamento psiquiátrico.
A nova teoria sobre a sua identidade
Antes do acontecimento, no dia 18 de maio, o El País noticiou que a historiadora de arte, Carla Glori, desenvolveu uma nova teoria sobre a identidade da mulher presente no quadro. Até agora, a teoria mais aceite, assume que La Gioconda era Lisa Gherardini, esposa de Francesco Bartolomeo de Giocondo, um rico comerciante da época. No entanto, essa identidade só é aceite como hipótese, já que não há nada que garanta com certeza quem realmente era a «modelo» que posou para o mestre italiano.
Agora, a especialista de arte da Universidade de Turim, desenvolveu uma nova teoria sobre a sua identidade a partir da paisagem que se encontra atrás dela, concluindo que o retrato representa Bianca Giovanna Sforza, esposa de Galeazzo Sanseverino, que era amigo e patrono de Leonardo. Esta era a filha mais velha de Ludovico, apelidado de «O Mouro», duque de Milão e Senhor de Bobbio, uma pequena cidade localizada no norte da Itália. Por isso, conforme aponta a historiadora, a paisagem que aparece na pintura é a vista do castelo Malaspina Dal-Verme. De acordo com a sua teoria, publicada recentemente no ResearchGate, o artista italiano viveu durante um tempo na província de Bobbio, no norte da Itália, sob a proteção de Galeazzo Sanseverino, marquês daquela região. E foi precisamente nessa altura que começou a pintar o seu famoso quadro.
As conclusões foram retiradas de uma análise paleontológica da paisagem. Após o seu estudo, a autora aponta que o fundo da pintura tem semelhanças com o vale de Trebbia. Por exemplo, o pequeno viaduto que Leonardo pintou à esquerda da maquete é a ponte corcunda de Bobbio, que cruza o leito do rio Trebbia, localizada em frente a esta cidade. Galeazzo Sanseverino foi patrão de Leonardo Da Vinci, por isso, segundo esta nova teoria, «é mais do que razoável pensar que a Mona Lisa foi encomendada pelo nobre italiano para a sua esposa».
As tentativas de destruição do quadro
Muito antes da mais recente tentativa de vandalismo da obra, o precioso quadro de Leonardo da Vinci já havia sido vandalizado inúmeras vezes – sempre saindo ileso graças à sua caixa protetora de vidro à prova de bala. Em 1911, o quadro chegou a ser roubado por Vincenzo Peruggia, sendo resgatado somente dois anos mais tarde quando o homem – trabalhador do museu – a tentou vender em Florença.
Em dezembro de 1956, por exemplo, um homem boliviano atirou uma pedra ao quadro, danificando o cotovelo esquerdo de Mona Lisa. Nesse mesmo ano, houve outra tentativa de vandalismo, com ácido, que chegou mesmo a danificar uma das partes inferiores do quadro. Em 1974, enquanto era exposta no Museu Nacional de Tóquio, uma mulher tentou espirrar uma tinta em spray vermelha na pintura, mas sem sucesso. Graças a esses sustos, em 2005, o quadro foi colocado numa caixa reforçada que também controla a temperatura e a humidade. Já em 2009, uma mulher russa atirou uma chávena de chá vazia ao quadro, que riscou ligeiramente a caixa.