Foi anunciada esta sexta-feira a descoberta de uma custódia manuelina no castelo de Chantilly, perto de Paris.
O objeto de prata dourada, com 70 cm de altura, esteve esquecido durante mais de cem anos numa sala daquele monumento, julgando tratar-se de uma peça do século XIX. Entretanto, a prata foi oxidando, cobrindo-se de um tom escuro que ocultava as suas qualidades e atributos.
A custódia participou em 1862 numa exposição de artes decorativas que teve lugar no então South Kensington Museum (futuro Victoria & Albert) e que foi visitada por 900 mil pessoas. Na altura pertencia a Henri d’Orléans, duque d’Aumale (1822-1897), quinto filho do Rei Luís Filipe, grande colecionador, então exilado em Inglaterra, que a havia adquirido a um antiquário de Londres. Em 1871 o objeto foi enviado para o castelo de Chantilly, que o duque tinha reconstruído para nele reunir todos os seus tesouros.
Foi o galerista luso-francês Philippe Mendes (que em 2019 já tinha descoberto uma obra seminal de Delacroix) quem identificou a custódia como uma das cinco encomendadas pelo Rei D. Manuel I para a Sé de Braga. O objeto constava dos inventários da Sé, mas estava dado como perdido. Mendes custeou também o processo de restauro, conduzido pela especialista Fabienne dell’Ava, que devolveu à prata dourada o seu brilho. A custódia integra a Temporada Cruzada Portugal-França.