A abstenção na primeira volta das legislativas francesas deverá atingir os 53%, estimava, a meio da tarde deste domingo, o centro de estudos d’Ifop-Fiducial citado pelo Le Figaro. A confirmar-se, seria a taxa de abstenção mais elevada de sempre em legislativas, naquele país. No entanto, além deste eventual choque, poderá existir mais uma surpresa.
Pelas 20h33 em Portugal, uma sondagem atualizada pela Ipsos para a France Télévisions mostrava que a gerigonça de esquerda (NUPES) alcançara então uma ligeira vantagem percentual (25,6%) face à coligação presidencial (25,2%) do partido de Macron, algo que conduziria ao abandono do cenário de empate.
“Obrigado a todos aqueles que tornaram este acordo possível e que deixaram claro ao nosso povo que estávamos prontos para governar”, declarou Jean-Luc Mélenchon, adiantando que os NUPES “passaram no primeiro teste”. “Agora resta fazer a outra parte do caminho. Todos apreciarão como bom democrata, como bom republicano, qual é o seu dever e o que fazer com o seu boletim de voto”.
Por volta daquela hora, no âmbito da divulgação das projeções na primeira ronda das legislativas, a primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, alertou a população para o ressurgimento de “ideias extremistas”. A dirigente política frisou que cabe à coligação governamental (a que pertence o partido de Emmanuel Macron) “convencer e mobilizar os eleitores para obter uma clara maioria para conseguirmos gerir as situações de emergência”.
“Progresso social não é declínio económico. É dar liberdade às empresas. Não é taxas adicionais”, disse, criticando a coligação de esquerda e condenando aqueles que “querem quebrar com a Europa e aproximar-se dos regimes autoritários”, referindo-se aos partidos de extrema-direita. “Precisamos de uma grande maioria nos próximos dias. Para continuar o nosso projeto. Precisamos de uma maioria para termos uma nação para todos”, destacou.
A sondagem da Ipsos indicava ainda que o terceiro lugar pertencia ao partido de Marine Le Pen, com 19,1% das intenções de voto, enquanto a União de Centro Direita ficava em quarto com 13,6%.