O ministro das Infraestruturas e da Habitação afirmou ontem que o Aeroporto de Lisboa está “esgotado” e precisa de uma nova resposta, apelando a um consenso alargado sobre a construção do novo aeroporto. Em declarações à margem de uma cerimónia de lançamento da construção de 70 fogos para realojamento e quatro espaços comerciais no Bairro Padre Cruz, em Lisboa, Pedro Nuno Santos antecipou que, se a retoma turística se confirmar, Lisboa poderá ter de recusar voos no próximo ano.
“Este ano, recusar voos ainda não. No próximo ano muito provavelmente atingiremos, esperamos nós, o melhor ano de sempre, que foi antes da pandemia, e aí começaremos novamente a ter problemas de recusa de voos”, afirmou o ministro, não antecipando as decisões do governo, depois do assunto ter ficado em banho-maria durante a pandemia.
“Temos um problema que é estrutural, com um aeroporto que está esgotado e que precisa de uma resposta”, defendeu mais uma vez, considerando ser necessário que o país seja capaz de conseguir um consenso alargado para a sua concretização, de forma a assegurar que cada vez que muda um governo ou um ministro “não andamos para trás”, citou a Lusa.
Para Pedro Nuno Santos, “é importante trabalharmos nesse consenso, numa boa solução”.
Quando questionado sobre as longas filas de espera no aeroporto de Lisboa, o governante vincou que “o Ministério da Administração Interna já apresentou um plano de contingência, que vai estar em execução na sua plenitude a partir do início do mês de julho e esperamos que desse ponto de vista das filas ajude alguma coisa”.
Avaliação polémica Ontem, no Parlamento, o presidente do Instituto da Mobilidade de Transportes (IMT), Eduardo Feio, respondeu às questões dos deputados sobre a avaliação estratégica ambiental pedida pelo Governo para avaliar três opções para o novo aeroporto, no Montijo e em Alcochete.
Em causa, um requerimento apresentado pelo Iniciativa Liberal sobre um possível conflito de interesses depois do concurso para a realização desse estudo ter sido vencido por um consórcio composto pela Ineco e pela empresa portuguesa Coba – Consultores de Engenharia e Ambiente, sendo a INECO participada pelo Estado espanhol, o que Pedro Nuno Santos disse publicamente em maio que lhe suscitava dúvidas e inquietações, com o processo a parar de novo.
Eduardo Feio rejeitou conflitos e disse que, depois do concurso internacional, falta a assinatura do contrato, que espera luz verde do Governo. “Este foi um concurso público internacional, não foi um ajuste direto. Houve quatro consórcios e o processo decorreu sem contestações nem impugnações. Estamos numa fase em que ainda não foi assinado o contrato, esperam-se orientações e veremos”, acrescentou o presidente do IMT, sublinhando que este estudo será “um documento de apoio à decisão” e que a decisão final para o aeroporto “será sempre competência do Governo português”.