Cada um é o herói e personagem principal da sua história. Na perspetiva de cada um, os acontecimentos desenrolam-se em torno da própria pessoa, culminando cada dia num conjunto de novas oportunidades e viagens. Ser herói implica coragem e superação, sem a qual não termina a jornada de forma triunfante.
O indivíduo, qualquer que seja, pode atravessar a sua jornada de duas formas: consciente ou inconsciente. Fazê-lo conscientemente implica observar e estudar os seus pensamentos e reações, procurando interpretar a origem dos mesmos. À medida que o tempo passa e os desafios surgem, ele tem oportunidade para romper os ciclos, fazer melhor do que da última vez, superando-se gradualmente. O processo consciente é mais rápido, mas pode ser mais doloroso.
Este processo consciente implica coragem. Entre aceitar os seus defeitos e virtudes, perdoar e substituir crenças limitadoras por outras melhores, o leitor atravessa uma série de testes sobre o quanto realmente quer ou está preparado para o que desejou.
Por outro lado, fazê-lo inconscientemente implica o contrário: não contemplar os ‘porquês’ da sua vida, deixar-se ir na onda da circunstância e não procurar respostas. Requer apenas permitir-se sentir e aceitar, o que quer que seja. Eventualmente no tempo, as suas vontades e devaneios irão encaminhá-lo pelas portas certas, mesmo que antes atravesse meia dúzia de erradas. O processo inconsciente é mais lento, também doloroso, mas é claramente mais fácil.
Para além de estar dependente da sorte, já que o herói não tem escolha ou controlo sobre as ‘portas’ que vai abrir, tanto pode acertar na que realmente deseja à primeira, ou nunca. Neste caso, a sua ‘dor’ pode bem ser proporcional ao número de portas ‘erradas’ antes da que procura.
Ora, agora com as cartas todas em cima da mesa, é altura de o herói escolher o seu veneno. No seu dia-a-dia, estas escolham apresentam-se na forma de cada oportunidade, cada indivíduo com o qual se cruza. Da mesma forma, na sua formação, os percursos são semelhantes: pode escolher e fazer uma aprendizagem coerente com a descoberta que fez de si, das suas competências e vontades, ou pode deixar-se levar pelo que parece agradável à primeira vista, e ir-se deixando maravilhar durante o percurso, sem questionar os seus motivos.
Descobrir os contornos da nossa identidade, as nossas competências e os nossos desejos não requer uma restrição de parte de nós. Ou seja, não é por explorarmos a nossa pessoa que vamos descobrir que somos médicos, banqueiros, advogados, empregados de mesa, ou outro qualquer. O processo consciente de descoberta permite sim sermos tudo isso e mais, na forma da pessoa que somos.
Quero com isto dizer que acredito ser mais útil à felicidade individual de cada um a gradual consciencialização e estudo próprio. É apenas quando conhecemos as características de uma ferramenta que a podemos utilizar em pleno, perante qualquer que seja a ‘construção’ que pretendemos. De qualquer outra forma, a construção é uma sorte, demorada, e a probabilidade dita uma eventual desistência da mesma. Não desista de quem é.