“Visão mais estreita, mais curta, era impossível”, afirmou Noel Carrilho, da Federação Nacional dos Médicos, à saída da reunião no Ministério da Saúde, onde a proposta do Governo foi apresentada pela secretária de Estado da Saúde, Maria de Fátima Fonseca. Na ótica do dirigente, a proposta é “desapontante” e teve como foco as horas de urgência “para além do que é definido legalmente, num regime excecional de três meses”.
“Isto não é um problema sazonal”, asseverou Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, realçando que a reunião constituiu uma “deceção total”. “Mais uma vez o Ministério da Saúde não entende que o essencial é contratar médicos, discutir uma carreira médica e uma nova grelha salarial”, acrescentou.
“Foi só uma primeira reunião”, disse Maria de Fátima Fonseca, não se mostrando surpreendida e avançando que decorrerá um novo encontro no próximo dia 22 deste mês. Mas os representantes sindicais asseveraram que vão trabalhar numa contra-proposta para apresentar num futuro próximo.
À sua vez, o ministro das Finanças elucidou que a pressão no Serviço Nacional de Saúde (SNS) “não decorre de nenhum condicionamento financeiro”, mas antes da falta de pessoal, adiantando que “seria mais fácil de resolver” se fosse esse o constrangimento.
Tendo em conta a situação complexa que se tem vivido nas instituições hospitalares, foi marcado para o plenário de sexta-feira um debate de urgência, pedido pelo Chega, sobre a atual situação dos serviços de ginecologia e obstetrícia. Na mesma reunião, também foi marcado um agendamento potestativo – obrigatório – da Iniciativa Liberal com o tema “SOS SNS”, para 30 de junho, e um projeto-lei do PCP, para 7 de julho, que tem como objetivo alargar os incentivos para a fixação de profissionais de saúde.
O Chega anunciou no passado sábado que tinha pedido ao presidente da Assembleia da República a marcação de um debate de urgência sobre a situação dos serviços de ginecologia e obstetrícia, que considera ser de “caos instalado”.
“Independentemente dos debates de urgência, este agendamento que a IL propôs vai permitir que se possa fazer um verdadeiro diagnóstico e que todos os partidos possam apresentar soluções”, assinalou o presidente da bancada parlamentar da IL, Rodrigo Saraiva, acrescentando que o partido apresentará cinco iniciativas legislativas que espelham aquilo que querem que seja “o Sistema Nacional de Saúde”, dando espaço para que outras bancadas possam apresentar “as suas visões”. “O que queremos é que seja possível salvar o SNS”, vincou.
Já o PCP agendou para 7 de julho um projeto-lei que pretende alargar os incentivos para assegurar a fixação de profissionais de saúde nas áreas geográficas mais carenciadas.