Xi Jinping será o anfitrião da primeira cimeira dos países emergentes, os BRICS, desde o início da guerra da Ucrânia, foi anunciado esta sexta-feira. Esta cimeira virtual decorrerá na próxima semana, reunindo os líderes da China, Rússia, Índia, Brasil e África do Sul, na mesma altura em que o Kremlin tenta angariar apoios e investimento internacional, de modo a contornar as sanções impostas pelo Ocidente devido à invasão russa da Ucrânia.
Certamente agradará a Rússia que, no topo da agenda oficial desta cimeira dos BRICS, esteja o fortalecimento dos laços económicos entre estes países. Afinal, «os investidores estrangeiros não são só dos Estados Unidos e da União Europeia», realçara Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, apontando para os seus parceiros na Ásia e Médio Oriente como alternativas, esta quinta-feira, durante o Fórum Económico de São Petersburgo, onde se notava a ausência de praticamente todos os gigantes da finança ocidental.
Pelo menos algum apoio diplomático os BRICS já ofereceram à Rússia. Tendo-se todos – exceto o Brasil, que anda na corda bamba entre as relações que tem com os países emergentes e os Estados Unidos – abstido das moções de censura nas Nações Unidas à invasão russa da Ucrânia
Já Vladimir Putin aproveitou o Fórum Económico de São Petersburgo, para acusar as sanções ocidentais de serem «loucas», vendo-as como uma espécie de «guerra relâmpago» contra a Rússia. Os muitos delegados de países tão distantes quanto a República Centro-Africana, Myanmar, Venezuela ou Afeganistão tiveram de esperar mais de uma hora e meia para escutar o Presidente russo, após a conferência ser alvo de um ataque informático. Mas Putin lá conseguiu prometer não desistir da sua guerra. «Nós somos um povo forte e podemos enfrentar qualquer desafio».
Contudo, isso seria ainda mais difícil não fosse o apoio da China a contornar as sanções. Ainda que as relações entre Moscovo e Pequim, que está bastante desapontado com a prestação russa na guerra na Ucrânia, estejam cada vez mais «tensas», avançaram fontes chinesas do Washington Post. O regime de Xi Jinping tem recusado sucessivos apelos do Kremlin a maior cooperação comercial, optando por oferecer gestos diplomáticos ou exercícios militares conjuntos.
Evitando áreas sensíveis como a exportação de semicondutores, um componente essencial para eletrónica moderna, não fossem os EUA retaliar deixando de os vender à China.