As últimas tropas ucranianas em Severodonetsk, que se tornara o foco do poderio militar russo, receberam ordem para retirar, nesta sexta-feira. Bateram-se durante semanas, resistindo muito mais do que esperado, mas «a situação agora é tal que ficar nestes posições destruídas simplesmente para ficar lá não faz sentido», admitiu o governador de Lugansk, Serhiy Haidai, citado pelo Guardian. As forças ucranianas em Severodonetsk, alvo de uma constante chuva de bombas, mísseis e artilharia, «receberam ordens para retirar para novas posições», explicou.
Contudo, não será nada fácil escaparem desta cidade, que costumava ter cerca de cem mil habitantes, tendo as forças do Kremlin destruído todas as três pontes sob o rio Siverskyi Donets, que ligavam Severodonetsk e a sua cidade-gémea, Lysychansk, onde os ucranianos agora concentram a sua resistência.
Agora, até esta cidade está em risco de ser cercada. A destruição das pontes sobre o Siverskyi Donets torna muito complicada uma ofensiva vinda de Severodonetsk, mas as forças do Kremlin tentam atingir a retaguarda de Lysychansk, avançando a partir de Popasna a sudeste, de maneira a cortar a estrada que liga Lysychansk ao resto do país. Unidades de reconhecimento russas até se atreveram a conduzir ataques nos arredores desta cidade, sendo repelidos, segundo as autoridades ucranianas. Alguns analistas tinham questionado a sensatez da Ucrânia tentar manter tropas em Severodonetsk, quando esta cidade já fora transformada num monte de entulho por bombardeamentos russos e Lysychansk é uma posição mais fácil de defender. Mas a «batalha de Severodonetsk foi mais para esgotar recursos humanos russos», justificou Maria Zolkina, analista da Ilko Kucheriv Democratic Initiatives Foundation, no Twitter. Agora, o objetivo «é salvar o máximo de unidades do exército, que é o nosso principal recurso».