Na segunda parte da entrevista à ex-presidente do SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e de Segurança de Portugal), concedida ao site Gri Digital, Sandra Perdigão Neves continua a revelar pormenores sobre o concurso público internacional lançado na semana passada pelo Ministério da Administração Interna (MAI): a falta de dinheiro do Estado para suportar o investimento na rede nacional, a preocupante gestão da anterior administração do MAI e o uso impossível das bodycams.
“Perdemos um comboio que vamos ter que apanhar. Portanto, uma viagem que seria” quase oferecida “com a ajuda do Plano de Resolução e Resiliência (PRR)”, apontou Sandra Perdigão Neves, ao notar que “mais tarde ou mais cedo” o Estado vai ter de gastar dinheiro para conseguir construir uma nova rede de comunicação do Estado.
A única dúvida para Sandra Perdigão Neves reside-se no facto de o Estado não ter dinheiro para investir na rede, pelo que terá de recorrer ao investimento privado, um recuo indesejado para o Governo socialista.
Segundo a ex-presidente, o pacote de 37,5 milhões de euros para o SIRESP engloba a “implementação de uma rede de telecomunicações” construída “do zero”.
Está prevista uma redução de 40% do preço a pagar pelo novo serviço, o que resulta na sua “degradação”, considerou Sandra Perdigão Neves, ao enumerar outras situações em que o MAI preferiu reduzir 40% no investimento, como no passado concurso na rede nacional de segurança interna, que acabou por causar um esgotamento de um sistema tecnológico inferior, entendeu. “O barato sai muito caro”, assinalou.
Sandra Perdigão Neves disse que o futuro da SIRESP e dos meios financeiros devia ter sido assegurado pelo secretário de Estado, Antero Luís, e equipa ministral.
Atualmente, Portugal recorre apenas à tecnologia tetra/dímetra, ou seja, de voz, pelo que será impossível guardar as imagens capturadas pelas bodycams dos polícias e dos GNR, que o Governo quer implementar nas forças de segurança.
A ex-presidente explicou que, com a atual rede do SIRESP, que só suporta voz, as bodycams não são capazes de realizar uma comunicação em direto com as salas de controlo.