Depois de ter avançado que aproximadamente cem comandantes de bombeiros pediram escusa de responsabilidade em caso de incêndios florestais, António Nunes, Presidente da Liga de Bombeiros Portugueses (LBP), lembra que a sugestão havia sido feita, na sequência do julgamento de um comandante pelos incêndios em Pedrógão Grande.
“O Conselho Nacional, que é o órgão máximo da LBP, em reunião, fez a sugestão de que os senhores comandantes e as associações humanitárias pudessem fazer um pedido de escusa. Divulgámos esta ideia e os comandantes que entenderam aderiram face a essa situação. Enviam o seu pedido de uma norma prevista no documento da autoridade”, explica, em declarações ao i, o dirigente, salientando que não consegue atualizar o número por estes pedidos serem recebidos pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
Em resposta à TSF, na manhã de ontem, a entidade referiu que “até, ao momento, recebeu já cerca de 70 pedidos de escusa”. António Nunes esclarece que tal vai ao encontro do valor que mencionou porque “há alguns pedidos que não são enviados por comandantes, mas sim por associações”.
Para além do flagelo dos incêndios, o presidente da LBP preocupa-se igualmente com as consequências do encerramento das urgências, na medida em que este provoca o constrangimento de ambulâncias. Por isso, reuniu-se com o INEM.
“Fizemos isso na convicção de que a ANEPC devia sentar-se à mesa com os bombeiros. Estamos à espera de que nos convide a ir até Carnaxide para falarmos com eles. Já fizemos dois pedidos e ainda não nos responderam. Curiosamente, fomos recebidos ontem pelo Presidente: muito mais depressa do que pela ANEPC”, refere, elucidando que os diálogos que a LBP tem com Marcelo Rebelo de Sousa “são sempre excelentes porque ele entende perfeitamente o papel dos bombeiros na sociedade e os problemas do setor”.
“Estamos ao serviço dos portugueses e não da Proteção Civil” “Passámos em revisão as nossas dificuldades nos vários aspetos. Designadamente, no financiamento das associações humanitárias e nos incêndios florestais. Foi uma conversa franca, aberta, com total transparência e conhecimento de todos sobre os bombeiros”, diz sobre aquela que define como “estrutura essencial, única e insubstituível da Proteção Civil”.
E lembra que esta estrutura “vai responder este ano, respondeu no passado e responderá no futuro”, acrescentando que “há entidades às quais lhes custa reconhecer o nosso papel. Não nos esqueçamos de que foram os próprios bombeiros que criaram as dinâmicas próprias para não se confundirem com a Proteção Civil. Por isso, existindo há centenas de anos, recusam ser mão-de-obra barata da mesma”, garante o presidente que tomou posse em janeiro passado, sucedendo a Jaime Marta Soares.
“Estamos ao serviço dos portugueses e não da Proteção Civil. Essa constitui um sistema de coordenação de que todos fazemos parte! Queremos ser reconhecidos pela nossa História, pelo nosso trabalho e pelos nossos valores. A Proteção Civil não pode querer mandar em quem não manda”, sublinha.
Quanto ao transporte de doentes, a LBP tem confiança de que com “o auxílio do Ministério da Administração Interna, do Presidente da República e a abertura do Ministério da Saúde através de António Lacerda Sales” conseguirá “resolver rapidamente os problemas mais agudos dos bombeiros e, com tranquilidade, atingir os objetivos”.