No quarto e último dia da edição de 2022 do festival NOS Alive, Two Door Cinema Club e Imagine Dragons tomaram as rédeas dos principais concertos do palco principal, que foi também o local de eleição para um outro momento marcante na história da música portuguesa: o regresso dos Da Weasel, a mítica e celebrada banda que prometeu os regressos em 2019, antes do eclodir da pandemia da covid-19, e que, finalmente, pôde pisar novamente os palcos. Por lá passaram também Mother Mother e as norte-americanas Haim.
Mas os grandes concertos do dia – e do festival – estenderam-se também ao palco secundário, onde Parcels – que deram um dos maiores concertos desta edição do Alive – e Manuel Cruz fecharam por 2022 o festival, pelo menos nesse palco, depois de um épico concerto de Phoebe Bridgers e da sua legião de dedicados fãs.
A edição deste ano do NOS Alive fechou em grande, depois de quatro dias recheados de alguma da melhor música nacional e internacional da atualidade. Como se costuma dizer, é hoje o dia em que se começa a preparar já a edição de 2023 do festival.
Two Door Cinema Club
O concerto mais preenchido da noite foi para os Two Door Cinema Club, os irlandeses (da Irlanda do Norte), que fecharam oficialmente o Palco NOS na edição de 2022 do Alive, e o fio condutor foi um: festa, festa e mais festa.
A sonoridade muito particular destes jovens, que se estrearam assim oficialmente em Portugal, ressoou com ecos do seu mais recente álbum, False Alarm, lançado em 2019. Era suposto terem participado na edição de 2020 do Alive, mas a pandemia da covid-19 abrigou-os a esperar até 2022 para trazer este trabalho de estúdio até terras lusitanas.
Mas não só deste álbum se fez a noite. Bad Decisions, do álbum Gameshow, de 2016, marcou também o elétrico concerto, bem como Something Good Can Work, o épico tema do álbum Tourist History (2010).
Two Door Cinema Club prometeram e cumpriram, fechando com chave de ouro o palco principal do NOS Alive, pelo menos da sua edição de 2022.
Parcels
O palco Heineken transformou-se, ontem, numa verdadeira ‘discoteca’ com ares dos anos 70 e 80, ao som de Parcels. Engane-se quem acha que esta banda australiana está mais virada para o Paredes de Coura – onde esteve, em 2019 – do que para o Lux Frágil ou qualquer outra discoteca lisboeta.
A dança foi forte, foi intensa e não parou durante a hora e meia de concerto que Parcels deram, colocando todos nas pontas dos pés, incapazes de parar quietos um segundo. O palco secundário do NOS Alive transbordava de ‘festivaleiros’ enquanto no palco principal tocavam os Two Door Cinema Club, e fizeram verdadeira ‘guerra’ aos cabeças de cartaz para este quarto e último dia de festival.
Na setlist não faltaram os clássicos: Reflex, Tieduprightnow, Gamesofluck e Hideout foram só alguns dos que se ouviram numa grande e espetacular festa que se formou nesse palco que de secundário não teve nada.
Imagine Dragons
Quando as portas do NOS Alive abriram neste último dia de festival, havia dois símbolos que se repetiam ad eternum nas t-shirts dos festivaleiros: a ‘doninha’ dos Da Weasel e o inconfundível logótipo dos Imagine Dragons.
Os norte-americanos de Las Vegas começaram em grande, com hits como It’s Time, Believer e Thunder, abrindo portas ao que se tornaria numa das principais atuações de toda a edição de 2022 do Alive.
A banda liderada por Dan Reynolds não é, no entanto, inédita por estes lados. Já em 2017 tinham tocado em Algés, e como se notou a familiaridade que a banda tinha com o local e com o público, atingindo o auge do êxtase com Natural, ao fim de quase uma hora de concerto, e Whatever it takes, pouco depois.
Imagine Dragons passearam pela sua discografia e aterraram em grande com Demons e Enemy, bem como com Walking the Wire, ao que se seguiu um breve cover de Forever Young, dos Alphaville, momento que a banda aproveitou para referir o conflito armado que assola a Ucrânia, cuja bandeira nacional surgiu em primeiro plano nas mãos de Dan Reynolds.
Para fechar, como não podia deixar de ser, Radioactive, um dos temas mais conhecidos dos Imagine Dragons.
Phoebe Bridgers
No palco Heineken, a temperatura começou a aquecer a partir das 21h50, quando a norte-americana Phoebe Bridgers começou a dar a sua ‘missa’, à qual assistiram milhares de ‘crentes’. Com uma setlist estrondosa, a começar logo com grandes hits da sua carreira – Motion Sicknes, DVD Menu, Garden Song e Kyoto -, Bridgers deu um dos concertos mais memoráveis dos quatro dias de festival, provando que tem mais do que estofo para estar no palco principal do festival, e não no secundário.
Chorou-se, riu-se, dançou-se e saltou-se com Phoebe Bridgers e as suas variadíssimas guitarras, acompanhadas de um ‘sexy’ trompete e de um conjunto de músicos incríveis que completou a imagem pintada pelas animações que iam acompanhando o concerto na tela gigante por trás da banda.
Da Weasel
A doninha está de volta, e de que maneira. Desde 2019 que Portugal esperava o já anunciado regresso dos Da Weasel aos palcos, mas a pandemia obrigou Carlão, Virgul, Guillaz, Quakas, Jay-Jay Neige e Dj Glue a empurrar o regresso para 2022. Finalmente, no entanto, foi hora de pegar nos microfones, nas guitarras e nas baquetas e fazer magia.
Não faltaram os clássicos como Jay, Carrossel, Dialectos de Ternura e, claro, Adivinha quem voltou, ganhando o tema todo um outro significado.
Por instantes, os festivaleiros sentiram um regresso à primeira década dos anos 2000, com Carlão – que amadureceu musicalmente tal como um bom vinho, e isso ficou provado nesta noite de concerto em Algés – a comandar as tropas no que augura ser uma positiva continuidade da banda da doninha.
Haim
Avizinhava-se o pôr-do-sol sobre o rio Tejo, e, apesar da brisa, o calor que marcou todo o dia ia-se mantendo no ar. Questionavam-se os festivaleiros, no entanto, se seria do fenómeno meteorológico que invadiu o país nos últimos dias, ou se o calor que fazia vibrar os corpos presentes vinha do palco principal.
É que por lá, Alana, Este e Danielle Haim faziam das suas, com o seu caraterístico rock a marcar a pauta, e a continuar o que Mother Mother começaram – uma épica noite no palco NOS, para fechar em grande o festival.
Houve de tudo no concerto de Haim: uma Este ‘flirty’, que confessou ter ‘beijado’ muito da última vez que esteve em Portugal, razão que – entre outras, claro – a deixou contente por voltar.
Now I’m In It e My Song 5 abriram as hostilidades, que deram azo a uma secção mais ‘romântica’ do concerto, com Want You Back e 3AM. Depois, foi hora de Gasoline e de Summer Girl.
A sonoridade tipicamente californiana das Haim caiu bem com o sol que se preparava para se ‘pôr’ por trás do palco principal do NOS Alive, onde The Wire e The Steps também fizeram vibrar quem assistia atento.
Mother Mother
Mas coube, na realidade, aos Mother Mother abrir o palco principal do festival neste último dia, com uma apresentação digna dessa mesma responsabilidade.
Os canadianos da ilha de Quadra aterraram à beira Tejo com o seu clássico indie rock, e brindaram com O My Heart, do álbum homónimo de 2008, e Let’s Fall in Love, de The Sticks (2012).
Mother Mother não desiludiram, com um pouco de tudo no que toca à sua longa discografia.