Ser mulher nestes tempos e neste país…

No mês de junho a cada cinco dias era morta uma mulher, o que mostra claramente a falta de medidas por parte dos juizes portugueses…

Já sabemos através da justiça o pouco valor que é dado às mulheres e crianças  portuguesas. No entanto, com esta nova onda em que uma grávida não se pode sentir segura com a sua gravidez, chegámos a um limite, de um deserto de direitos das mulheres e crianças neste país, com um barulho pouco audível sobre esse mesmo facto. Urgências de obstetrícia fechadas pelo país fora, obrigando as mulheres no seu estado mais bonito mas também mais vulnerável a dirigirem-se a outro lado, outro/a obstetra que não o seu/sua, algo que causa, insegurança e dúvidas, quando devia existir, estabilidade e calma.

No entanto, parece que se não fosse a comunicação social, estávamos a viver numa suposta normalidade para todas as mulheres grávidas ou que pensam em engravidar neste país. Como se ‘fosse assim’, ou ‘aguentem-se’. Afinal, ‘não é nada demais’.

Como se não fosse uma preocupação maior já terem morrido em meio ano mais mulheres que o ano passado inteiro em contexto de violência doméstica, no mês de junho a cada cinco dias era morta uma mulher, o que mostra claramente a falta de medidas por parte dos juízes portugueses, damos mais um passo no fosso dos direitos das mulheres mostrando uma urgência gravíssima ao nível da saúde, no entanto pouco tida ou trabalhada como tal.

O novo normal, é consultar quando é que fecha cada urgência, em cada localidade: «Já está disponível online, no Portal do SNS, informação com os horários das urgências de ginecologia/obstetrícia e blocos de partos. Desta forma, todas as grávidas e mulheres que precisem de cuidados urgentes podem saber quais as unidades do SNS com limitação de horários em todos os distritos do continente. A informação é atualizada semanalmente e sempre que existam alterações que o justifiquem. Os horários atualmente disponíveis são referentes a esta semana».

E sem darmos por isso, isto é a nova normalidade das grávidas ou de quem espera engravidar em Portugal. Agora o SNS passa a guiar as grávidas ou seja um portal.

Temos crianças a serem brutalmente assassinadas, com dois brutais homicídios que serviram de guia mas não ensinaram o suficiente, mulheres mortas o quanto baste e com uma violência desmedida. Para as mulheres violadas, um silêncio e apenas dois gabinetes de atendimento e nenhum reforço ou empenhamento para que as sobreviventes sejam consideradas.

E assim corre o tempo, de quem luta contra a falta de direitos, no país que grita ou exclama que eles se necessitam para as mulheres e crianças todos os dias, sem tirar férias!