EUA. Começou o julgamento de Steve Bannon

Uma semana depois de ter afirmado que falaria ao comité que investiga a invasão ao Capitólio, o ex-conselheiro de Trump vai ser julgado.

Começou, esta segunda-feira, o julgamento do antigo conselheiro do ex-Presidente Donald Trump, Steve Bannon, considerado um dos grandes estrategas da reformulação da extrema-direita enquanto movimento populista. Foi julgado por duas acusações criminais por não colaborar com o comité responsável pela investigação da invasão ao Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021 e por tentativa de anular o resultado das eleições, 10 meses após receber intimações desde grupo.

O tribunal vai decidir se Bannon quebrou a lei ao recusar testemunhar perante os legisladores, que esperavam que o homem responsável pela campanha eleitoral de Trump, nas eleições de 2016 – que terminaram na sua vitória frente a Hilary Clinton – fosse depor e apresentasse vários documentos relacionados com a invasão ao Capitólio, quando se discutia a oficialização da presidência de Joe Biden, atual Presidente dos Estados Unidos.

Segundo o Guardian, “é extremamente raro que o departamento de justiça persiga tais acusações”, referindo que, antes de Bannon, o último processo por desacato foi em 1983. Ainda assim. os promotores do Departamento de Justiça afirmam que este julgamento tem como intenção punir o ex-conselheiro pelo “incumprimento das intimações, em vez de coagi-lo a compartilhar informações”, escreve a CNN.

O jornal explica ainda que este é um “grande teste da influência que o Congresso tem quando uma testemunha evita uma intimação da Câmara”. Além do antigo conselheiro de Trump, também o ex-assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, será julgado por acusações semelhantes.

Caso Bannon seja condenado poderá ser punido entre 30 dias a um ano de prisão.

O conselheiro, que foi despedido por Trump em agosto de 2017, esteve presente no hotel Willard, o “núcleo” onde foi concebido o plano legal para tentar anular o resultado das eleições de 2016. 

Na semana passado, Bannon, afirmou que estaria disponível para testemunhar perante o comité e falar sobre a invasão. Através de email, o antigo conselheiro do ex-Presidente Trump afirmou que estava preparado para iniciar discussões sobre um horário e local para uma entrevista, escreve o Guardian. 

Nesse mesmo email, Bannon voltou a garantir que não compareceu numa das intimações do painel porque, na altura, o ex-presidente teria associado o seu testemenho como sendo privilegiado. Uma alegação que foi contestada.

Segundo o jornal inglês, o testemunho pode, “em teoria”, revelar ao comité as conversas que Bannon teve com Trump antes do ataque ao Capitólio – Bannon falou com Trump ao telefone na noite anterior – e discussões estratégicas na “sala de guerra” de Trump no hotel Willard em Washington, onde também estiveram presentes os advogados do ex-Presidente, John Eastman e Rudy Giuliani, amplamente apontados como os arquitetos deste esquema.