Sem muitas dúvidas e surpresa, Helena Carreiras tomou posse como ministra da Defesa Nacional do XXIII Governo.
Talvez ainda sem saber que ia ser ministra, produziu declarações ao Diário de Notícias, ainda como diretora do Instituto de Defesa Nacional, que convém reler e reter.
Discretamente, como é seu timbre, iniciou funções.
Tal como fiz com anteriores ministros desta pasta, realizo uma análise do que relevante (pela positiva e pela negativa) foram os primeiros cem dias do seu exercício.
Como ‘pano de fundo’ considero que está ainda à procura do seu ‘lugar’ e do seu ‘ritmo’.
Dotada de adequada preparação, conhecimento e competência lidera hoje uma Instituição que bem conhece – a Defesa Nacional e as Forças Armadas.
Com fortes e fundamentadas convicções nos domínios essenciais da afirmação de um político, tem clareza expositiva e tem exercido as funções, que a República lhe confiou, com determinação e vigor.
Não sendo de nenhuma ‘família’ político-partidária, o que tem sabido transformar em vantagem, que lhe granjeado uma aceitação de elevado nível.
Discreta, humilde e atenta tem conseguido já ‘apagar’ alguns ‘fogos’ que outros, não conseguiriam.
Respeitadora da interpretação dos poderes que Constituição e a lei lhe conferem, soube também interpretar, corretamente, os poderes dos ‘outros’.
Talvez uma maior incidência na ação em detrimento da reflexão (de que tanto gosta) neste momento seja aconselhável.
Para mim, o tempo das grandes conjunturas académico/opinativas já passou e agora trata-se de implementar o que foi aprovado, sem prolongamentos desnecessários que só aproveitam aos mesmos de sempre para porem ‘a cabeça de fora’ e voltarem à carga com as permanentes discussões de quem, tendo já passado pelo poder, não soube ou não quis exercê-lo.
Agora é tempo do poder político e chefias militares coincidirem no mesmo percurso e sentido, com adequada velocidade e vigor.
O comandante das Forças Armadas e o Conselho de Chefes de Estado Maior têm o dever, indeclinável, de após definidas as prioridades políticas e aprovadas as leis da República executarem, sem tibiezas, o que lhes compete.
Que não restem quaisquer dúvidas, ‘aos velhos do Restelo’ que as tarefas agora são outras. São tarefas de executar e não de filosofar, os corporativismos devem, definitivamente, ser afastados em nome do interesse nacional e, especificamente, das Forças Armadas enquanto conjunto, harmónico e sustentável, de que todos beneficiamos.
Especial atenção devem merecer os já conhecidos ‘azares’ do senhor secretário de Estado, pois a sua conhecida ambição, acrescida das competências que lhe foram delegadas, podem vir a ser um grave fator de perturbação.
Estaremos atentos.
Indiscutivelmente os grandes desígnios nacionais (logo também da Defesa Nacional) são o Mar e a Língua onde tanto, também, as Forças Armadas podem fazer.
Exige-se engenho e arte
As prioridades, em matéria de Defesa Militar, devem, em minha opinião, ser os transportes e a logística, com o programa do Navio Polivalente Logístico da Armada, a aquisição de viaturas de transporte logístico para o Exército e Fuzileiros, pelo programa do avião KC na Força Aérea, a darem força e consistência. Tudo o resto é e será importante, mas devem ser segundas prioridades e como tal claramente assumidas.
A revisão/atualização do Conceito Estratégico de Defesa é um imperativo que deriva da recente aprovação do novo Conceito Estratégico da NATO e deve sê-la com rapidez e clareza.
Estou expectante com a nova fase da Profissionalização e dos caminhos a seguir.
Sou a favor de uma nova modalidade que passa por centralizar no EMGFA a captação de jovens de qualidade para os 3 ramos das Forças Armadas, deixando de ser objetivo dos Ramos, para passar a ‘captar para as FA’s’.
O recrutamento na sua globalidade (processamento e gestão) deve ser tarefa do MDN através da Direção-Geral de Recursos Humanos. Mais do que a quantidade (que é uma tentação evidente) a qualidade é essencial pois estamos a falar de futuros profissionais, com duração de percurso já assinalável.
Precisamos de reativar o turismo militar pelo extraordinário potencial nacional que encerra. Aqui, também como na procura/captação, a Associação Viriatos.14 pretende iniciar e dedicar a sua atividade.
Os nossos eixos são:
O apoio social direto;
A captação de jovens voluntários;
O turismo militar;
A atividade sociocultural, tendo no território que designamos por Beira, (Distritos de Aveiro, Viseu e Guarda) a nossa área de ação.
Aqui pretendemos constituirmo-nos como parceiros do MDN e do EMGFA, maximizando esforços e vontades e potenciando recursos e sinergias.
Senhora ministra.
É com grande expectativa que continuaremos a acompanhar o seu exercício.
Da sua sorte…depende o nosso futuro.
Que os deuses lhe concedam a tranquilidade que lhe permita cumprir os seus desejos.
Como alguém escreveu: «Perante um desafio, os homens (e as mulheres) podem ter duas atitudes…ou vão na vanguarda a fazer…ou vão na retaguarda a criticar».
Não seremos da retaguarda.