Pela eleição vale tudo

Os ataques esta semana a três dos onze membros do Supremo Tribunal foram fortes. Este comportamento do Presidente nem Freud explicaria…

por Aristóteles Drummond

O Presidente Jair Bolsonaro, que usa muito a bandeira do Brasil e as cores verde e amarelo em sua campanha eleitoral, resolveu inovar no desfile militar do 7 de setembro. Ele e a apresentação de aviões de caça serão no Rio de Janeiro, na Praia de Copacabana, e vai começar as quatro da tarde. O Presidente estará nas comemorações de Brasília pela manhã e depois seguirá para o Rio. Os chefes de Estado convidados foram todos os presidentes dos membros da CPLP. A iniciativa presidencial causou algum desconforto nos militares, que souberam da alteração pela midia.

 

VARIEDADES

• Um artigo do jornalista William Waack, no jornal O Estado de S. Paulo, revela a gravidade da crise política. Os empresários e banqueiros, que tinham receio da eleição provável de Lula da Silva, estão agora com medo da reeleição, depois que Bolsonaro deu a impressão de que poderia estar preparando manifestações ‘a la Trump’, caso perca a eleição. Lembram de que a frase de que «Bolsonaro fala bobagens, mas não faz bobagens» perdeu o sentido depois dos últimos acontecimentos. O sentimento natural do antipetismo, que poderia reeleger Bolsonaro, agora é inverso. O antibolsonarismo pode eleger Lula. Os ataques esta semana a três dos onze membros do Supremo Tribunal, foram fortes. Este comportamento do Presidente nem Freud explicaria…

• Um manifesto ‘pela democracia’ com assinaturas dos maiores empresários e banqueiros do país e é interpretado como hostil ao presidente. Trata-se também de uma crítica da insistência de Bolsonaro de envolver os militares no processo eleitoral, o que não parece ter sentido.

• Trinta e quatro ministros militares da América Latina estiveram reunidos em Brasília. Uma manifestação condenando a invasão da Ucrânia foi vetada e ficou condenando conflito simplesmente por ação do Brasil.

• Petrobras e Caixa Económica estão antecipando distribuição de dividendos para fazer chegar ao governo recursos para projetos sociais importantes para a reeleição do Presidente.

• Decorrência da eleição bolivariana no Peru, o melhor restaurante de Lima, Osso, abre sua filial em São Paulo e, até o fim do ano, outra casa em Miami.

• A Unigel, grande indústria de fertilizantes nitrogenados, anunciou um investimento na Bahia de mais de 120 milhões de euros para a maior fábrica brasileira de hidrogénio e amónia verdes. A produção está prevista para começar no final do próximo ano.

• O Rio de Janeiro teve um choque com a morte da jornalista Anna Maria Ramalho, última de um grupo de notáveis do colunismo. Trabalhou diretamente com os falecidos Ricardo Boechat, Zózimo Barroso do Amaral e Fred Suter, e fez o livro de memórias de Ibrahim Sued. Era muito estimada por todos. Participou do livro O Rio Que Passou na Minha Vida, de André Jordan, que narra a sua história no Rio entre 1950 e 1970.

• Com significativo prejuízo no semestre, a Gol cortou muitos voos para os meses de agosto a novembro.

• Cresce a preocupação com os reflexos da crise argentina na economia brasileira. Trata-se do quarto parceiro comercial do Brasil – depois da China, EUA e CEE. A moeda derrete, as divisas são escassas e o endividamento público está em 80% do PIB, e com dificuldade para rolar. O acordo com o FMI não deve ser cumprido.

• Os governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e de Minas Gerais, Romeu Zema, devem ser reeleitos .Ambos com discreto envolvimento na disputa presidencial. O de São Paulo, Rodrigo Garcia, vai depender de ir ao segundo turno, que disputa com o candidato do presidente Bolsonaro. Fernando Haddad, ligado a Lula, estará na certa na segunda volta.

Rio de Janeiro  agosto de 2022