Conheço Almeida Bruno desde 1953, ano em que ambos frequentávamos a Escola do Exército. Conhecimento, este, que, desde então, se foi aprofundando e transformando numa sólida amizade, uma vera camaradagem, sempre sustentadas na minha admiração crescente por Almeida Bruno.
E essa admiração advém, desde logo, da sua impressionantemente precoce vocação. Das nossas múltiplas conversas, concluí que ser militar tinha sido, para Almeida Bruno, um desígnio indubitavelmente assumido desde os seus tempos de aluno do Colégio Militar. Ser militar, merecedor de admiração, sobretudo dos ‘seus homens’, era, para Almeida Bruno, um propósito primacial de profissão e de vida.
Almeida Bruno era o típico oficial de Cavalaria, da ‘velha e nobre’ Cavalaria, que, com igual garbo militar, envergava, quer a sua farda de gala, quer o seu traje de combate.
Sempre, em todas as situações, procurava merecer ser admirado, mas sê-lo, sobretudo, perante os ‘seus homens’, pela sua liderança, excepcional abnegação, serenidade, bravura e excepcional expressão de comando. Propósito, este, que, apesar de consecução especialmente difícil, Almeida Bruno sempre perseguiu e alcançou. Conseguiu-o em Angola, onde comandou duas companhias de Cavalaria (nº108 e nº 148) e em que mereceu a atribuição da Medalha da Cruz de Guerra de 2.ª Classe. Conseguiu-o, depois, na Guiné, enquanto Comandante do Centro de Operações Especiais da Guiné, mais tarde transformado em Batalhão de Comandos da Guiné. Batalhão, esse, que Almeida Bruno preparou e «empolgou psicologicamente», dotando-o de «extraordinário espírito de corpo e invulgar eficiência técnica».
É a qualidade notável da sua acção de comando deste Batalhão que lhe valeu a atribuição da Medalha de Prata de Valor Militar e a promoção, por distinção, ao posto de tenente-coronel e, mais tarde, à atribuição da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.
Interessante, muito interessante, foi o seu papel no desenvolvimento da acção de repúdio da maioria dos oficiais do Quadro Permanente ao chamado ‘Congresso dos Combatentes’, encenação com a qual o regime salazarista visava comprometer as Forças Armadas com a sua desajustada resposta à guerra revolucionária colonial. Interessante, também, foi a sua participação tanto no 25 de Abril como no 25 de Novembro.
Desempenhou, ainda, com reconhecido mérito, funções de alta importância na Casa Militar do Presidente da República Dr. Mário Soares e na Polícia de Segurança Pública e, ainda, como presidente do extinto Supremo Tribunal de Justiça Militar.
Assim, por quanto se referiu, justo será lembrar o exemplo de Almeida Bruno enquanto notabilíssimo soldado e dedicado combatente pela democracia de Abril.