Estamos em plenas ‘férias grandes’. Há famílias que já foram de férias, outras que estão agora a gozá-las e há ainda quem as esteja a guardar para o fim.
Que saudades das infindáveis férias de verão em que tínhamos tempo para tudo: para brincar, passear, ir para a praia e até para nos aborrecermos. Quando ainda estava longe de sonhar que viéssemos a viver numa sociedade refém de iPads e telemóveis, ia de férias com os meus pais e a minha irmã para a Ilha da Armona, onde nem rede elétrica havia. Nessa altura, depois de um bom dia de praia, brincávamos no parque até desligarem o gerador, à meia-noite. Quando éramos mais velhas íamos para a praia à noite com o nosso grupo de amigos de verão fazer fogueiras, tocar viola, cantar, conversar, ver as estrelas e até o maravilhoso rasto luminoso das ondas que deixava a areia cheia de pequenos pontos brilhantes nas noites de lua nova.
As férias são um dos períodos mais especiais do ano. É um momento de pausa da correria do trabalho e da escola em que pequenos e graúdos estão mais disponíveis para estar juntos. Longe das responsabilidades, das chatices e das obrigações, o compromisso é só um: aproveitar ao máximo!
Se durante o ano às vezes parece que andamos em piloto automático, agora o ritmo é outro. É a altura de parar e reparar. Reparar o tempo que não tivemos e reparar no outro. É um tempo de partilha: de histórias, pensamentos e comentários que os mais novos têm constantemente na ponta da língua; das acrobacias e proezas que fazem ao longo dos dias e também de todo o tipo de sentimentos. Por outro lado, os mais velhos estão mais disponíveis para brincar (com os mais novos e entre eles), para fazer coisas diferentes e compensar um ano cansativo de trabalho. São mais compreensivos, mais descontraídos, mais tolerantes e mais próximos. As refeições são mais demoradas e agradáveis e muitas vezes propícias à partilha de histórias antigas que se não forem contadas acabarão por se perder. É uma altura de maior conhecimento mútuo e de união.
É também tempo de reunir a família, de estar com avós, tios e primos, de encontro de gerações, que faz as delícias de todos. São encontros ricos e especiais de que nos privámos nos últimos anos e que agora podemos finalmente recuperar.
As férias são uma altura mágica e especial, em que o maior segredo é o tempo e disponibilidade que muitas vezes deixamos escapar durante o ano. A fuga aos ecrãs é outra boa forma de aproveitar o melhor deste período: a companhia dos outros, a diversão e até o não ter nada para fazer.
Acabo sempre as férias com o mesmo desejo: este ano vamos arranjar mais tempo para estarmos juntos, para fugir à rotina, para nos divertirmos nas entrelinhas, para furar o sistema. Nem sempre é fácil, mas vale a pena não desistir, para que o ano não seja uma contagem decrescente à espera dessas poucas semanas de verão.