Uma das vozes mais críticas do ex-Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a congressista Liz Cheney, perdeu na terça-feira as primárias republicanas no estado de Wyoming.
Com esta derrota, a filha do ex-vice-Presidente de George W. Bush, Dick Cheney, perdeu também a possibilidade de ser reeleita para este cargo nas eleições de novembro, abandonando assim o seu cargo no congresso em detrimento de uma candidata apoiada por Trump, Harriet Hageman.
A vice-presidente do comité que está a investigar a invasão ao Capitólio no dia 6 de janeiro por parte de apoiantes do ex-Presidente, que queriam reverter o resultado das eleições que deram a vitória a Joe Biden, foi derrotada pela advogada conservadora, que defende as falsas alegações de Trump de fraude eleitoral generalizada.
“Há dois anos, ganhei estas primárias com 73% dos votos. Eu poderia facilmente ter feito o mesmo novamente. O caminho estava claro, mas exigiria que eu concordasse com a mentira do Presidente Trump sobre as eleições de 2020”, disse Cheney, num discurso em Jackson, citado pelo Guardian.
O Wyoming é um estado com uma população pequena e com uma forte tendência conservadora, onde Trump venceu as eleições presidenciais de 2020 com o apoio de sete em cada dez cidadãos e uma vantagem de 43 pontos percentuais sobre o democrata Joe Biden. O jornal inglês ainda acrescenta que este resultado seria algo “impensável” há uns anos, onde a família Cheney era vista como “realeza”.
O antigo vice-presidente mostrou o seu apoio pela filha este mês, declarando Trump a maior “ameaça à nossa república” na história americana.
A congressista é a mais recente vítima republicana do ex-Presidente dos Estados Unidos, depois a maioria dos congressistas conservadores que, como ela, votaram a favor de um julgamento político a Trump após a invasão ao Capitólio, também terem perdido as suas primárias ou anunciado que iam abandonar a política.
Este é um importante lembrete dentro do Partido Republicano da rápida mudança que este está a viver. Outrora dominado por conservadores com um foco especial na segurança nacional e na vertente empresarial, como era o caso de Dick Cheney, agora pertence a Trump e ao seu apelo populista.