Por Maria Moreira Rato e Sónia Peres Pinto
A Europa está a enfrentar aquela que já ameaça poder vir a ser a sua pior seca dos últimos 500 anos, com dois terços do continente em estado de alerta, estando o transporte fluvial, a produção de eletricidade e os rendimentos de muitos que dependem da agricultura obrigatoriamente reduzidos.
O relatório de agosto do Observatório Europeu da Seca (EDO), da Comissão Europeia, indicou que 47% da Europa está em condições de alerta, na medida em que a humidade do solo é baixa e 17% da região de alerta é afetada pela vegetação.
E este fenómeno, ao contrário daquilo que se poderia pensar, parece trazer surpresas: como as «pedras da fome», que ressurgiram recentemente no leito do rio Elba, no norte da República Checa, junto à fronteira com a Alemanha, navios e bombas da Segunda Guerra Mundial nas águas do Danúbio, aldeias-fantasma nas margens das albufeiras de Portugal e Espanha, balneários do século XIX, pontes medievais góticas e dólmenes pré-históricos.
«Acho que os navios de guerra são apenas relíquias, uma espécie de sinal de como as coisas estão más. O verdadeiro problema são outras coisas que acontecem quando a água seca.. animais selvagens/peixes moribundos, habitats destruídos. ecossistemas inteiros a desmoronarem-se porque os lagos que os sustentam secam por meses a fio», refletiu o jornalista Christopher Schuetze, do New York Times, em declarações ao jornal i.
Em território nacional, como o i também avançou, o Governo quer que o uso indevido de água seja penalizado e vai recomendar aos 43 concelhos em situação mais crítica a suspensão temporária de lavagem de ruas ou do uso de piscinas e rega noturna aos agricultores de quatro albufeiras com capacidade abaixo de 20%. Estas foram algumas das medidas anunciadas no final da reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, que envolve os Ministérios do Ambiente e da Agricultura.
Segundo os dados do Governo, 60% do território nacional encontra-se em seca extrema e 40% em seca severa.
Face a esse cenário, o ministro do ambiente e Ação Climática pede que o consumo de água seja feito com rigor e «respeito pelos outros» mas rejeita, para já, «medidas com mais força».