Suicídio. SOS Voz Amiga garante que quer proporcionar “mais horas de escuta à população”

Neste Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, a linha de apoio telefónico mais antiga em Portugal, que garante há mais de 40 anos um serviço de apoio emocional à população, triplicou a disponibilidade de tempo de escuta e esteve presente na Feira do Livro de Lisboa.

A SOS VOZ AMIGA (SOS VA), a linha de apoio telefónico mais antiga em Portugal, que garante há mais de 40 anos um serviço de apoio emocional à população, reforçou hoje duas vertentes: a da presença telefónica – tendo triplicado a disponibilidade de tempo de escuta – e a presencial, pouco comum tendo em conta o cariz de anonimato, estando presente na Feira do Livro de Lisboa. A Infinito Particular Editora (stands A24, A26 e A28) foi a anfitriã de um grupo de Voluntários SOS VA que esteve disponível para divulgar o serviço de escuta aos visitantes do evento que já vai na 92.ª edição.

No decorrer desta iniciativa, a SOS VA distribuiu marcadores de livros alusivos ao serviço, com o apoio da Infinito Particular Editora, com quem esteve a assinalar, este sábado, o arranque de um trabalho de equipa em prol da consciencialização para a Saúde Mental e Prevenção do Suicídio, sendo que, tal como já havia sido explicado em comunicado, na passada quinta-feira, "os números de telefone SOS VA constarão doravante em todos os marcadores de livros da Editora".

Respeitando sempre o anonimato e as confissões de quem pede ajuda, a linha SOS VA atende diariamente das 15h30 às 00h30, "apelos de homens e mulheres de todas as idades em estados de sofrimento profundo, solidão, angústia e ideia de suicídio" como indicou em nota veiculada aos órgãos de informação. Entre janeiro e o início deste mês, a linha telefónica já atendeu mais de 6100 apelos de ajuda, isto é, os voluntários estiveram mais de 2500 horas ao telefone. À semelhança daquilo que Mafalda Pedra Soares havia explicitado na entrevista que concedeu ao i, em junho passado, os voluntários não são profissionais de saúde e recebem acompanhamento e formação semanais por parte de Técnicas de Saúde Mental. 

"É a ajuda dada por pessoas que não são especializadas em saúde mental ou física. Alguns de nós podemos não ser leigos, mas a maioria é, de diversas idades, mulheres e homens, uns mais jovens e outros mais velhos, com diversas profissões e dedicamos este tempo ao voluntariado", dizia a dirigente, que foi voluntária durante 10 anos, três semanas depois de ter tomado posse como Presidente da linha. "Somos referenciados como linha de prevenção do suicídio porque, a 9 de outubro de 1978, quando a linha abriu, pertenceu à Liga Portuguesa de Higiene Mental. Os psiquiatras que faziam parte do conselho técnico da Liga identificaram que, naqueles anos, a taxa de suicídio estava a aumentar e, por isso, decidiram criar esta linha telefónica. Na altura, ficou ligada a este tema e ainda hoje continua", realçava. "No entanto, o tema mais incidente é a solidão. Para além disso, a depressão e a angústia. Ninguém ajuda alguém em aflição se não acolher o sofrimento daquela pessoa: por mais insignificante que possa parecer, é aquilo que a pessoa sente em determinado momento".

"Começa este mês uma nova formação inicial de candidatos a voluntários, ainda não sabemos quantos exatamente pois o processo de seleção e auto-discernimento ainda decorre", afirma Mafalda Pedra Soares ao Nascer do SOL. Presentemente, temos 45 voluntários em atendimento e aspiramos a ter 60 até ao início de 2023", observa. "E, à medida que vamos crescendo em número de voluntários / horas de atendimento mensal proporcionado pelos mesmos, vamos avaliando a medida do nosso crescimento futuro. O nosso objetivo primordial é, claramente, darmos mais horas de escuta à população, e vamos progredindo à medida que as nossas circunstâncias o permitem", esclarece, lamentando que continuem sem instalações físicas.

"Continuamos a manter reuniões com possíveis parceiros, para que em breve tenhamos a sede e espaço para trabalhar que condiz com as nossas necessidades atuais, nesta fase de crescimento. A Câmara Municipal de Lisboa contínua solícita e entusiamada com a ideia de nos apoiar. O atendimento continua a ser feito em posto de atendimento fixo ou através do reencaminhamento de chamadas para os voluntários", finaliza, sendo que a SOS VA anunciou que havia ficado sem instalações, no início de junho, e que estava a manter o atendimento telefónico devido a uma central telefónica cedida pela Altice durante o pico da pandemia de covid-19.

Como o Nascer do SOL e o i já tinham noticiado na sexta-feira, os dados mais recentes sobre causas de morte do Instituto Nacional de Estatística, relativos ao ano de 2020, mostram que o suicídio continua a vitimar mais de três pessoas por dia em Portugal. Foram registados, naquele ano, o primeiro da pandemia, 941 mortes por suicídio e lesões auto-provocadas voluntariamente, existindo 790 casos de mortes por lesões que não se sabe se foram acidentes ou intencionalmente infligidas. Desde o início da década de 2000, o número de mortes por suicídio é superior ao número de vítimas na estrada, em acidentes de transporte.

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Se precisar de ajuda, não está sozinho/(a) e pode contar com o auxílio das linhas telefónicas de apoio:

SOS VOZ AMIGA
Horário:
15:30 – 0:30
Contacto Telefónico:
213 544 545
912 802 669
963 524 660

TELEFONE DA AMIZADE  
Horário:
16:00 – 23:00
Contacto Telefónico:
222 080 707

CONVERSA AMIGA
Horário: 15:00 – 22:00
Contacto Telefónico:
808 237 327
210 027 159

VOZ DE APOIO
Horário:
21:00 – 24:00
Contacto Telefónico:
225 506 070

VOZES AMIGAS DE ESPERANÇA DE PORTUGAL
Horário:
16:00 – 22:00
Contacto Telefónico:
222 030 707