A lguns já começaram, outros não pensam noutra coisa e outros ainda fazem tudo por não pensar nisso. É o final das férias e o início de um novo ano letivo. Com mais ou menos ânimo é preciso que comecemos otimistas: vai ser um bom ano escolar!
Para isso há algumas coisas a ter em conta. Sendo a escola o sítio onde as crianças e jovens passam a maior parte do dia é preciso aproveitá-la e vê-la não só como um lugar de aprendizagem do programa curricular, mas de uma série de outras matérias igualmente importantes. Depois destes últimos anos em que infelizmente foi cultivada a distância e o medo, a escola é o sítio perfeito para ajudar a repor e solidificar a normalidade que foi roubada. Para isso é necessário regressar de braços abertos e sem restrições no que toca à proximidade e ao convívio.
Para começar seria ótimo que se percebesse como o telemóvel pode ser um mau companheiro de recreio. Sobretudo depois destes anos de míngua social, não faria mal se fosse finalmente abolido sem receios, para que os mais velhos voltassem a descobrir os amigos em todas as suas facetas e os mais novos não chegassem a viciar-se numa pura perda de tempo.
Ainda em relação ao recreio era bom que deixasse definitivamente de ser visto como uma espécie de bónus. O recreio não é um capricho, não é uma recompensa, é uma necessidade, um tempo essencial do período escolar, de descontração, brincadeira e relação. É tão importante como qualquer outro. Ninguém se lembraria de não dar almoço a uma criança por ela se ter portado mal, mas ainda há crianças que passam o intervalo de castigo na sala a fazer trabalhos.
E por falar em bónus, seria bom chegar à hora de almoço e poder ter prazer e conforto numa merecida e deliciosa refeição, em vez de ser – como num elevado número de escolas – um martírio..
Para os professores vem a tarefa mais árdua, a de conseguir que os alunos tenham curiosidade e interesse em aprender a matéria, que muitas vezes é demasiada e nem sempre é fácil ou sedutora. Que haja diálogo, que seja espicaçada a vontade de saber, de participar, de descobrir e de aprender.
Que cada aluno possa aprender ao seu ritmo e que a competição seja dentro de cada um e não entre todos, até porque dificilmente seria justa. Que cada aluno seja motivado a dar o seu melhor, mas que não seja instruído a pisar o outro, se isso for necessário para vencer. Que sejam audazes, irreverentes, originais. Que não sejam educados para andar em rebanho ou a não arriscar. Que tenham espaço e voz para ver e fazer diferente. E que cada um possa ter a sua.
Que os nossos alunos valorizem e cultivem valores como a amizade, a solidariedade, a entreajuda, a partilha e a justiça. Que tenham prazer em ajudar o outro, que valorizem o que têm e quem têm à sua volta, que não discriminem, que apoiem aqueles que mais precisam.
Que haja proximidade, partilha, ajuda e respeito entre alunos, professores e pais.
Que haja criatividade! Mudança. Novidade. Empenho.
Que a igualdade e inclusão seja real e não só fogo de vista.
Que haja visitas ao exterior, porque é sobretudo a ver e a viver que se aprende.
E, finalmente, que os alunos não passem demasiado tempo na escola. Que não sejam escravos do trabalho dos pais e que tenham parte do dia para serem livres, para fazer o que lhes apetece, sem exigências nem contenção.
Um ótimo ano escolar!