Rússia perde controlo total da região de Lugansk

Vitória simbólica das forças ucranianas pode comprometer ambições russas durante a sua “operação militar especial”.

As forças armadas da Ucrânia anunciaram que recuperaram o controle de Bilohorivka, perto da cidade de Lysychansk, na região de Lugansk, e estão a preparar-se para retomar toda esta região aos invasores russos.

“Haverá luta por cada centímetro… O inimigo está a preparar a sua defesa. Portanto, não vamos simplesmente marchar”, escreveu no Telegram o governador regional, Serhiy Haidai, sobre a vila que fica 10 quilómetros a oeste da cidade de Lysychansk, que caiu para os russos após semanas de batalhas difíceis em julho.

“Em breve vamos expulsar todos estes canalhas à vassourada”, disse o governador. “Passo a passo, centímetro a centímetro, libertaremos toda a nossa terra dos invasores”, prometeu Haidai.

Esta é uma pequena, mas simbólica vitória para as forças ucranianas, que continuam a complicar as ambições do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, de controlar a Ucrânia.

Luhansk e a província vizinha de Donetsk compõem a região oriental industrializada de Donbass, que Moscovo disse que pretendia aproveitar como objetivo principal de sua chamada “operação militar especial”.

Esta conquista ucraniana surge numa altura em que as autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk decidiram acelerar a organização de referendos sobre a integração na Rússia, após a contraofensiva ucraniana ter recuperado território ao exército russo, anunciou o líder separatista de Donetsk, Denis Pushilin.

“Tenho uma proposta: unir esforços entre os chefes das repúblicas e os Parlamentos para elaborar os passos e as ações que nos permitam iniciar os preparativos para o referendo”, disse o líder separatista de Donetsk no seu canal no Telegram.

Pushilin debateu com o seu homólogo de Lugansk, Leonid Pasechnik, a necessidade de “sincronizar” tanto a organização das consultas como as medidas de segurança para travar o avanço das forças ucranianas.

Por isso, apelou para que o referendo sobre a integração na federação russa decorra no mesmo dia em ambos os territórios, tal como aconteceu quando estalou a sublevação militar pró-russa, em 2014.

Num post no Telegram, o governador instalado em Kherson pela Rússia, Volodymyr Saldo, afirmou que também esperava que esta região fosse “uma parte da Rússia, um membro de pleno direito de um país unido”, informou a Reuters. As forças russas controlam cerca de 95% do território ucraniano de Kherson, no sul do país.

Saldo não indicou uma data para a votação proposta, mas afirmou que pediu ao Kremlin que dê autorização “o mais rapidamente possível” à consulta, acrescentando que a união com a Rússia “seguraria a região” e seria um “triunfo da justiça histórica”. “Tenho a certeza de que a liderança russa aceitará os resultados do referendo”, acrescentou.

Contudo, o Kremlin argumenta que esta é uma questão para as autoridades locais instaladas na Rússia e os cidadãos das regiões decidirem.

Após as afirmações de Saldo, o chefe do parlamento russo disse que apoiaria as regiões que se juntam à Rússia.

“Hoje, precisamos de apoiar as repúblicas com as quais assinamos acordos de assistência mútua”, disse o presidente da Duma russa, Vyacheslav Volodin, referindo-se aos acordos assinados entre Moscovo e o Donetsk e Lugansk que abriram caminho para o Kremlin despachar dezenas de milhares de tropas para a Ucrânia em fevereiro.