O La Vanguardia noticiou esta semana que Woody Allen, de 86 anos, estaria prestes a colocar um ponto final na carreira de realizador com seu 50.º filme, intitulado Wasp 22. «A minha ideia, em princípio, é parar de fazer filmes e concentrar-me em escrever romances», afirmou. Autor de vários livros, Allen publicou em 2020 a sua autobiografia, A Propósito de Nada (Edições 70), em que aborda, entre outros temas, as acusações de abuso sexual e o cancelamento de que foi alvo. As suas últimas obras – Um dia de chuva em Nova Iorque, de 2018, e O Festival do Amor, de 2020, tiveram uma distribuição muito limitada nos EUA e uma repercussão internacional muito menor do que outras como Match Point ou Meia-noite em Paris.
Uma reforma forçada em perspetiva? «Provavelmente farei pelo menos mais um filme, mas muita da emoção desapareceu porque já não há todo aquele efeito cinematográfico», explicou o realizador ao jornal espanhol. E fez um paralelo com outros tempos: «Antes, quando se filmava, o filme ia para cinemas por todo o país e as pessoas iam às centenas para o ver em grandes grupos no grande ecrã. Agora, fazes um filme e ficas umas semanas num cinema – talvez seis semanas, duas semanas, o que seja – e depois vai diretamente para o streaming ou para o Pay-Per-View. Portanto, não é tão agradável para mim como era. Não tenho o mesmo gozo de fazer um filme e colocá-lo num cinema».
A partir daí, meios de comunicação de todo o mundo noticiaram que Allen, vencedor de quatro Óscares, ia despedir-se do cinema.
Mas não foi preciso mais de um dia até Woody Allen vir desmentir estar a pensar retirar-se, através de um comunicado divulgado pelo site IndieWire. «Woody Allen nunca disse que se estava a reformar, nem disse que estava a escrever outro livro», esclarecia o documento. «Disse que estava a pensar em não fazer filmes pois fazer filmes que vão direta ou muito rapidamente para as plataformas de streaming não é tão agradável para ele, já que é um grande apaixonado pela experiência das salas de cinema». Até ao momento, não existem informações sobre o enredo ou o elenco do seu 50.º filme, apesar de circularem rumores sobre uma possível participação da atriz francesa Isabelle Huppert.