Os crimes por ódio devido à orientação sexual ou à identidade de género aumentaram 67,6% em 2021 em Espanha, em comparação com 2019, o último ano sem o impacto da pandemia.
A revelação foi feita esta segunda-feira pelo espanhol, qua adianta que foram registados em 2021 pelas forças de segurança espanholas 1.724 crimes de ódio (mais 6% do que em 2019), estando a maioria relacionados com xenofobia e racismo (639, mais 24%), seguindo-se os crimes de ódio devido à orientação sexual ou a identidade de género (466, mais 67,6%). Em terceiro lugar, surgem os crimes relacionados com a ideologia, 323 em 2021, menos 45,3% do que em 2019.
Os dados do "Relatório sobre a evolução dos delitos de ódio em Espanha em 2021", foram apresentados hoje por Fernando Grande-Marlaska, ministro da Administração Interna, que realçou que estes crimes têm aumentado desde 2014, à exceção do ano de 2020, o primeiro ano de pandemia de covid-19, marcado pelos confinamentos.
De acordo com o documento, a maioria das vítimas (63,8%) são homens e o grupo etário mais afetado por estes crimes é o da faixa dos 26 aos 40 anos (32,98%).
Além disso, sabe-se que os menores de idade foram 11,31% das vítimas deste tipo de crimes em 2021.
As forças de segurança espanholas detiveram ou investigaram 743 pessoas por crimes de ódio, sendo que mais de 89% eram homens.
Em abril deste ano, face ao aumento deste tipo de crimes, o Governo espanhol aprovou um plano de ação, que vigorará até 2024. que prevê, entre outras medidas, a criação de grupos especializados na Polícia Nacional e na Guarda Civil.
O ministro Grande-Marlaska atribuiu o crescimento dos números ao aumento das denúncias e também à "crispação
"Ao mesmo tempo que desceram os atos relacionados com a ideologia, existe um melhor tecido social e uma maior confiança nas forças e corpos de segurança que ajudaram a melhorar os níveis de subdenúncia", lê-se no documento apresentado.
"Por outro lado, é verdade que a crispação política e os discursos de ódio podem influenciar aquilo que se pensa de alguém por causa da sua raça, da sua orientação sexual, da sua religião, ou seja, em todos os âmbitos dos crimes de ódio", disse ainda o ministro.
O relatório esclarece que os "crimes de ódio" são "todos aqueles motivados por preconceitos, ou mais globalmente, pela intolerância existente na sociedade, que se postula como principal inimiga dos Direitos Humanos, nos quais primam os princípios da universalidade e da não discriminação de nenhum indivíduo".
"São delitos cometidos contra pessoas que são intencionalmente selecionadas por uma característica específica que lhes é inerente, como a raça, orientação sexual, ideologia, religião, etc." e procuram "menosprezar a dignidade dessa pessoa", acrescenta-se ainda.