O principal conselheiro do Presidente francês, Emmanuel Macron, considerado o seu “braço-direito”, Alexis Kohler, foi acusado de possuir interesses ilegais no armador MSC (Mediterranean Shipping Company), um cliente importante da STX France (atualmente designada por Chantiers de l’Atlantique), que administra os estaleiros navais de Saint-Nazaire.
Kohler, que ocupa uma das funções mais poderosas e influentes dos Campos Elísios, desempenha o cargo estratégico de secretário-geral da presidência desde o primeiro mandato de cinco anos de Emmanuel Macron, gerindo diariamente situações de emergência, questões económicas, sociais e políticas.
É acusado de favorecimento, através dos seus vínculos profissionais e familiares, com a empresa de transporte ítalo-suíça MSC, administrada por primos da sua mãe, disse o promotor Jean-François Bohnert em comunicado.
O caso surgiu após a publicação, em 2018, de vários artigos pelo site Mediapart, que denunciavam ligações ilegais de Kohler ao armador MSC.
A Procuradoria Nacional de Finanças abriu um inquérito preliminar, que encerrou no ano seguinte após indicar que a análise dos elementos recolhidos “não permitiu caracterizar as infrações inicialmente suspeitas”.
Mas a associação anticorrupção Anticor conseguiu a reabertura das investigações em junho de 2020, graças a uma reclamação civil, que permite, na maior parte das situações, a designação de um juiz de instrução.
Advogados desta organização afirmam que esta situação abre a possibilidade para o despedimento de Kohler.
As queixas contra Kohler, que negou “categoricamente” qualquer envolvimento neste crime, escreve a France-Presse, surgiram horas depois de outro aliado de Macron, o ministro da Justiça, Éric Dupond-Moretti, ter sido obrigado a comparecer num julgamento também sobre um conflito de interesse, apesar de ser um caso diferente.
O gabinete da primeira-ministra, Élisabeth Borne, recusou-se a comentar se o emprego de Dupond-Moretti está em risco, adianta a AFP, acrescentando que um porta-voz do primeiro-ministro afirmou apenas que “o procedimento está em andamento” e que foi organizado para não afetar os negócios de Dupond-Moretti como ministro da Justiça.