Casos de morte e internamento por gripe subnotificados

A média anual de hospitalizações foi estimada em 5.356.

Tanto os casos de internamentos como os óbitos por gripe, em Portugal, estão subnotificados, de acordo com as conclusões de um estudo através do qual foi possível analisar durante uma década o peso das hospitalizações e da mortalidade provocada pela gripe.

Os resultados do estudo, que abrangeu as épocas gripais entre 2008/09 e 2018/19 – excluindo a época 2009/10 devido à H1N1 –, apontam para uma subdeteção da gripe na população portuguesa. Em declarações à agência Lusa, o coordenador do estudo, o pneumologista Filipe Froes, esclareceu que a investigação analisou as épocas gripais até à 2018/19, para evitar modificações nos resultados decorrentes da pandemia de covid-19, que atingiu Portugal no início de 2020.

Deste modo, explicitou o médico, por meio do estudo (BARI – Burden of Acute Respiratory Infections), foi verificada “uma subnotificação grande em termos de códigos de gripe [o código internacional de registo da doença]” e igualmente “um excesso de mortalidade”. “Atribuímos todos os anos um excesso mortalidade, quer à gripe quer ao frio, mas depois não temos essa tradução nos certificados de óbito”, afirmou o especialista, que é também membro do Conselho Nacional de Saúde Pública.

“Confirmamos que neste período temos em média de excesso mortalidade anual que rondará os 3.000/3.600 óbitos, (…) que são atribuídos ao frio e à gripe, mas isso apenas se traduz em cerca de 100 a 200 códigos de gripe nos certificados de óbito”, deixou claro. “A pessoa que passa o certificado de óbito não vai pedir um teste para confirmar a gripe, e escreve infeção respiratória” e, portanto, tal “dificulta a avaliação do verdadeiro impacto da gripe”.

A investigação concluiu que a média anual de hospitalizações por doenças respiratórias ou cardiovasculares associadas à gripe foi estimada em 5.356, correspondendo a 51,5 casos por 100.000 para todas as faixas etárias e a 199,6 para a população com idade igual ou superior a 65 anos.