Cindy Sherman em Serralves

Exposição percorre em cerca de cem imagens a obra da artista norte-americana.

Mais de vinte anos depois da retrospetiva no CCB (1998), Cindy Sherman (n. Nova Jérsia, EUA, 1954) volta a ter uma grande exposição em Portugal, desta feita no Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Patente até 16 de abril de 2023 e com curadoria de Philippe Vergne (diretor do museu), Cindy Sherman: Metamorfoses percorre em perto de uma centena de obras a carreira da artista que se tem dedicado a desconstruir estereótipos, sobretudo femininos – a dona de casa, a esposa dedicada e a mulher fatal são alguns deles.

Exímia encenadora e maquilhadora, usando perucas, roupas de feira, próteses e outros disfarces, Sherman transfigura-se e fotografa-se encarnando diferentes personagens. A primeira sala da exposição no Porto, por exemplo, é dedicada a uma das suas séries mais emblemáticas, feita em finais da década de 1980, quando vivia em Roma, em que a artista recriou em fotografia retratos históricos de pinturas célebres, do Renascimento ao século XIX.

Além da história da arte, outra das suas referências centrais é o cinema, que surge de forma mais explícita ou mais velada em muitas das suas imagens. Aliás, o modo de produção dessas imagens assemelha-se muito ao de um filme. O universo da moda também não lhe é estranho.

As suas obras, no entanto, possuem uma aura enigmática e perturbadora – quando não assumem uma feição declaradamente repugnante. Alguns dos temas que trata são os binómios verdade/falsificação, autêntico/postiço, original/cópia, rosto/máscara. Ao Guardian, a artista definiu o seu trabalho como «uma reação contra o comércio do mundo da arte», embora ela própria seja, em termos comerciais, uma artista muito bem sucedida.