O clima e a grande hipocrisia occidental

De que valem as jeremiadas de Guterres com o absurdo das carnificinas ambientais? Para nada, espetáculo mediático apenas. Deixemo-nos de teatro, queremos acabar com o aquecimento global? Altere-se o modo de vida ocidental, proibamos a obsolescência programada, desincentivemos o consumo, acabemos com a criação ininterrupta de falsas necessidades e com ciclos brutais de estimulação consumista.

«Oito anos depois da Pacem in terris, em 1971, o papa Beato Paulo VI referiu-se à problemática ecológica, apresentando-a como uma crise que é ‘consequência dramática’ da atividade descontrolada do ser humano: ‘Por motivo de uma exploração inconsiderada da natureza, [o ser humano] começa a correr o risco de a destruir e de vir a ser, também ele, vítima dessa degradação’. E, dirigindo-se à FAO, falou da possibilidade de uma ‘catástrofe ecológica sob o efeito da explosão da civilização industrial’, sublinhando a ‘necessidade urgente de uma mudança radical no comportamento da humanidade’, porque ‘os progressos científicos mais extraordinários, as invenções técnicas mais assombrosas, o desenvolvimento económico mais prodigioso, se não estiverem unidos a um progresso social e moral, voltam-se necessariamente contra o homem’».

     Encícilia Laudato Si

              

por João Maurício Brás

O hiperliberalismo ocidental, o primado dos mercados e do consumismo destroem qualquer ideia de sociedade decente. Quando este sistema económico-político antevê contestações mais sérias, joga uma das cartas do baralho progressista, o racismo só dos brancos, as homofobias, os mais de 120 géneros e o aquecimento global.

A preocupação ocidental com as alterações climáticas é hipócrita. As manifestações festivas dos apanhados pelo clima deviam ser uma oportunidade para uma reflexão sobre os telemóveis de 1500 euros, os ténis de 200 euros e toda a parafernália gasta anualmente. O clima? Sabemos bem como Trump e Bolsonaro geraram o fascismo e o racismo climático.

Porque nos tomam por idiotas?

Sim, há problemas ambientais sérios, somos 7 biliões, a produzirmos e consumirmos como o fazemos há consequências… Este problema não é uma teoria da conspiração, é real, mas é deformado pela máquina ocidental da sociedade do espetáculo deste tipo de capitalismo. Deste modo desviamos a atenção do verdadeiro fator, o mais destrutivo modo de vida até hoje, o modo de vida ocidental. Sim, os progressistas estão também a destruir o planeta, não nos iludamos com a sua hipocrisia.

Viver assim tem um preço. Só há dois caminhos, ou vivemos de outro modo ou assumimos as consequências deste tipo de vida. Claro que não mudamos, aliás o problema já se transformou em negócio. O que é o jargão ecológico e as tretas do negócio verde, se não business? Sempre que ouvirmos a sineta do sustentável, do orgânico, do biológico, do renovável salivemos…

De que valem as jeremiadas de Guterres com o absurdo das carnificinas ambientais? Para nada, espetáculo mediático apenas. Deixemo-nos de teatro, queremos acabar com o aquecimento global? Altere-se o modo de vida ocidental, proibamos a obsolescência programada, desincentivemos o consumo, acabemos com a criação ininterrupta de falsas necessidades e com ciclos brutais de estimulação consumista.

É este tipo de capitalismo liberal que gera os problemas ambientais. É sobre essa ideologia que paga a Guterres que ele tem que falar. Sim, nós os que depositamos toneladas de todo o tipo em África, que deslocalizamos para o resto do mundo para infringirmos normas ambientais e praticar trabalho escravo, mas sinalizarmos por cá a virtude, com a bandeirinha verde e arco-íris.

Medidas? Simples, só se pode ter um telemóvel a cada 10 anos, um automóvel tem de durar pelo menos 12, frigoríficos, televisores e outras máquinas, 25 anos…. há mais exemplos…Aceitas, Guterres?