Depois de o ainda Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, ter condenado os bloqueios de camionistas que recusavam aceitar os resultados eleitorais, começa agora a passagem de testemunho no país sul-americano.
O vice-presidente eleito de Lula, Geraldo Alckmin, foi o escolhido para liderar o processo de transição do poder e já conversou com o chefe de gabinete de Bolsonaro, Ciro Nogueira, na quinta-feira na capital, Brasília.
«A conversa foi muito proveitosa, muito objetiva», disse o vice-presidente durante uma entrevista coletiva, citado pelo Al Jazeera. «A transição começou… Como Lula disse no seu discurso de vitória, a nossa tarefa é unir o Brasil. Aqui vamos nós».
Depois do resultado de domingo, Bolsonaro esteve dias em silêncio, até que, na terça-feira, falou ao país admitindo a derrota e condenando as mobilizações em torno de quartéis, com os seus apoiantes a pedirem um golpe militar e uma nova ditadura.
Milhares foram para as ruas durante esta semana para contestar o resultado das eleições, especialmente camionistas, uma importante parte do eleitorado do Presidente demissionário, e bloquearam as principais estradas de todo o país, especialmente nos redutos de Bolsonaro em Santa Catarina e Mato Grosso.
Os manifestantes bloqueavam parcial ou totalmente as estradas em 76 localidades de oito dos 26 estados do país durante a manhã de quinta-feira, um número inferior aos 126 do dia anterior, informou a Polícia Rodoviária Federal do Brasil, que afetou o acesso ao porto de Paranaguá, um dos mais importantes do Brasil para a exportação de cereais, que, entretanto, foi desbloqueado.
Na noite de quarta-feira, Bolsonaro apelou aos seus apoiantes para acabarem o bloqueio, afirmando, através de um vídeo nas redes sociais, que as manifestações eram legítimas, mas os bloqueios estavam a restringir o direito das pessoas de se deslocarem, o que prejudicava a economia.
«Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça em como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da Esquerda, que sempre prejudicaram a população: como invasão de propriedades, destruição de propriedade e cerceamento [restrição] do direito de ir e vir», pediu Bolsonaro.