Bob Dylan – Slow Train Coming 1979

Quando ouvi este álbum pela 1ª vez, desconhecia por completo que metade dos Dire Straits à altura, tinham feito parte deste ensemble, apesar de o som me soar estranhamente familiar, com o “plus” de conter um lote das canções mais iconográficas de Sir Bobness.

Banda:
Bob Dylan – guitarra e vocai Mark Knopfler – guitarra principal e rítimica
Pick Withers – bateria
Tim Drummond – baixo
Barry Beckett – piano
Helena Springs – vocalista de apoio
Muscle Shoals Sound Studio – sopro
Produzido por Jerry Wexler e Barry Beckett

gravado nos Muscle Shoals Sound Studio – Alabama

 

por Telmo Marques
 

E para esta semana, que tal um álbum onde Bob Dylan se encontra com os Dire Straits? Confusos?!!! Espero sinceramente ajudar-vos a esclarecer, pois não se trata de qualquer equívoco… .
Parecendo ao início uma tarefa hercúlea, é o que poderemos encontrar neste LP. Metade dos Dire Straits (guitarrista e baterista), juntam-se a Bob Dylan e a Jerry Wexler, famoso por ter já produzido artistas como Aretha Franklin, Ray Charles e Wilson Pickett, bem como os próprios Dire Straits, e juntos, criam o primeiro álbum pela qual ficou designada esta fase, a do novo cristianismo de Bob Dylan, de seu nome verdadeiro Robert Zimmerman, e, como o próprio nome indica, de ascendência judaica.

Quando ouvi este álbum pela 1ª vez, desconhecia por completo que metade dos Dire Straits à altura, tinham feito parte deste ensemble, apesar de o som me soar estranhamente familiar, com o "plus" de conter um lote das canções mais iconográficas de Sir Bobness.

É também com a primeira canção, Gotta Serve Somebody, que Bob Dylan acabaria por ganhar o seu primeiro grammy, para melhor canção rock, numa carreira que atingira já perto de 20 anos.
A canção estava tão bem construída, quer a nível melódico quer ao da escrita, que criou alguma inveja entre os seus pares, levando a que o próprio John Lennon tenha escrito igualmente uma canção, em jeito de resposta, intitulada Serve Yourself…!!! E eis que os dados lançados…!!!

O álbum encontra-se repleto de menções a Deus e Cristo, quase uma mini bíblia, mas com uma musicalidade tremenda, um Dylan inspiradíssimo, e uma banda a funcionar com um "groove" que deixaria as menções mais ou menos subliminares ao Cristianismo quase para um segundo plano, dado o tom melódico com que as mesmas eram executadas. 

Observe-se apenas a canção que dá título ao álbum, Slow Train Coming, de uma beleza indescritível, com a banda, e principalmente Mark Knopfler, a fazer jus de todo o seu exímio trabalho guitarristico, não ofuscando, mas quase, uma das letras mais significativas da carreira de Dylan.
Esta foi a música que mais me terá feito idolatrar o álbum, dado ser quase uma música dos Dire Straits, estando contudo provida de uma letra absolutamente magnífica, e com a voz de Sir Bobness a atingir picos raramente ouvidos em anos.

A título pessoal, e à frente de todas as outras, a minha canção preferida do álbum é  curiosamente a última, chamada When He Returns, somente com a voz de Dylan acompanhada ao piano por Barry Beckett, e despida de todo e qualquer outro instrumento. Porquê estragar a perfeição?
Talvez a canção mais directa no que ao Cristianismo diz respeito,  por ser talvez a mais incisiva, e a que igualmente tem os melhores vocais de Dylan em todo o álbum.

"Truth is an arrow and the gate is narrow that it passes through
He unleashed his power at an unknown hour that no one knew
How long can I listen to the lies of prejudice
How long can I stay drunk on fear out in the wilderness
Can I cast it aside, all this loyalty and this pride
Will I ever learn that there'll be no peace, that the war won't cease
Until he returns"

Sendo sempre um cantautor de causas e rupturas, este álbum provocou isso mesmo. Opiniões divergentes, com ódios exacerbados, e também, aglomerando alguns novos fãs, totalmente rendidos à genialidade do poeta e músico. 

Em suma, este álbum está já em mim, entranhado para todo o sempre, fazendo assim parte de mais um que não posso deixar de ouvir, pelo menos, de tempos a tempos.

Espero que gostem, e a quem ainda não o ouviu, dedique-lhe 40 e poucos minutos de atenção, pois certamente não se arrependerão.

Até para a próxima semana