por João Maurício Brás
Se pudesse dedicar esse texto, seria aos bons brasileiros, amigos, gente trabalhadora, que nunca foram sequer de direita, e muito menos de qualquer extremismo, e que votaram, embora críticos, em Bolsonaro, por desespero, tal o pesadelo irrespirável que Lula representa(va).
Começo com um quizz, especialmente para comentadores e jornalistas rigorosos e objetivos.
– Faz corresponder A (democrata) e B (fascista) às seguintes premissas:
1. Considera sucessivas condenações em tribunais como perseguição política.
2. Diz respeitar a Constituição.
3. Considera que uma destituição decidida em parlamento e por votação é um golpe.
4. Apela a que se respeite a legalidade em qualquer manifestação, e que estas sejam pacíficas e não destruam propriedade.
Os votos nos Bolsonaros e nos Trumps não são causas, mas efeitos, reações das pessoas comuns perante um tipo de democratas que destruíram a democracia.
A eleição de Lula pode ser vista, de certo modo, como um golpe de Estado. A sua candidatura só foi possível devido a um ‘milagre’, que para muito boa gente é o resultado da subversão total de princípios democráticos basilares, como o Estado de direito e a separação de poderes.
É um facto que obteve 50,9 dos votos, mas a democracia não se reduz ao ato do voto. Os seus dois mandatos implicavam a perpetuação no poder e até criou um sucessor fantasma, Dilma, que ele manobrava.
Segundo basta matéria factual, Lula cometeu inúmeros crimes muito graves, beneficiando do seu cargo político, sendo por isso condenado e preso. Para não ser fastidioso, e para uma abordagem clarificadora, o livro Lava Jato de Vladimiro Netto, e a magnifica série Mecanismo, baseada nas peças processuais, dão um retrato isento de uma trama real, envolvendo juízes, políticos, traficantes, criminosos, empresários, bancários, etc. Um poder paralelo que governa a democracia apenas já cénica.
Lula não foi inocentado, mas por milagrosas ‘questões técnicas’, as condenações foram anuladas.
Não podemos perdoar aqueles que usam habilmente a democracia, a liberdade e a justiça para as destruir como o verme na fruta. Lula nunca foi um democrata, aliás tornou-se até num mitómano, diz ser uma ideia, e explora a pobreza chocante de faixas da população brasileira.
Não bastam votos para podermos falar de democracia, nem se concede a vitória aos inimigos dos princípios constitutivos das democracias, por mais que sejam elogiados pelas encenações da sociedade do espetáculo e das suas produções maniqueístas e deformantes: de um lado os bons e democratas, do outro, os maus e fascistas.
Recordemos que muitos tiranos e crápulas usam as eleições para alcançar o poder em democracia. Os média estranhamente ou não, parecem cada vez mais as máquinas publicitárias das ditaduras, disfarçadas de informação rigorosa e objetiva procedem simplificações chocantes e infantilizadoras.
A imprensa, leia-se as agências de comunicação, receberam a encomenda ‘Lula’, o produto deve ser vendido como o democrata e o seu adversário demonizado com todos os defeitos e taras.
Quem partilha a ideologia de Maduro, Chávez, Fidel Castro ou Evo Morales é democrata?
Lula fez mais, engendrou a quadratura do círculo, o socialismo capitalista, mas desse capitalismo predatório que também não é democrático. Ora, o hábil capitalismo hiperliberal recicla até os ditadores socialistas para essa caixa de pandora que é o progressismo.