O Presidente eleito, Lula da Silva, já tem maioria no Congresso garantida. Muitos dos partidários de Bolsonaro não resistiram a uma semana triste com a eventual perda de influência. Dois partidos relevantes, União Brasil e PSD, já estão dialogando com o PT para garantirem tranquilidade ao novo governo. Claro que com custo nas nomeações. O MDB, da senadora Simone Tebet, que concorreu com Lula na primeira volta, já garantiu um ministério para ela. O PL, de Bolsonaro, já tem uma ala querendo assumir uma ‘posição independente’ – eufemismo para adesão.
Ricardo Lewandowski, 75 anos em maio, ministro do Supremo Tribunal, pode antecipar sua reforma para ser embaixador em Lisboa. Já o PDT, de Ciro Gomes, mais pragmático, pede o poderoso fundo de pensão da Caixa Económica, instituição que possui cem mil funcionários.
A semana foi rica em reuniões e baixou a tensão gerada pelas manifestações sem sentido nas estradas e ruas, nos dias que se seguiram ao segundo turno das eleições. Lula se beneficia do trânsito político e postura pessoal de seu vice, Geraldo Alckmin, que é o coordenador do grupo de transição e, em visita ao Palácio do Planalto, esteve por cinco minutos no gabinete do Presidente Bolsonaro. Alckmin negocia a aprovação pelo Congresso de uma despesa extra orçamento de quarenta mil milhões de euros para o próximo ano. Algo como três por cento do PIB.
Lula terá de conter sua ala ideológica, mais aguerrida, para tranquilizar o país dividido e desconfiado de suas inclinações mais à esquerda e próxima aos países bolivarianos. Até o Hamas manifestou sua alegria com a eleição de Lula da Silva, pois Bolsonaro sempre foi pró-Israel.
VARIEDADES
• Morreu Paulo Jobim, de 72 anos, músico e filho de Tom Jobim.
• A CNN Brasil reformulou boa parte de sua equipe de comentaristas políticos. Nada que justifique avaliações de que estaria aderindo ao novo Governo. O canal tem se firmado por dar espaço aos dois lados.
• O tradicional Gávea Golf Club, no Rio, completou cem anos e promoveu uma grande festa para seus sócios e convidados. Há muito o Rio mais tradicional não tinha encontro desta envergadura.
• Chicô Gouvêa, o arquiteto e decorador brasileiro com presença em Portugal, mostra, em coleção de produtos de casa denominada ‘Olhar Brasil’, a influência portuguesa, especialmente em almofadas com ilustrações do século XIX. Chicô é considerado hoje o número um em projetos ligados à restauração e a casas de campo.
• Apesar dos dias de chuva, aportou no Rio o primeiro cruzeiro de turismo da temporada que vai até abril. São esperados no país mais de um milhão de turistas, sendo que 800 mil com escala na capital. Mas Angra dos Reis, Paraty e Búzios, no Estado do Rio, também estão nas rotas.
• Os vinhos da região irrigada do Vale de São Francisco, no nordeste, ganharam selo de procedência. Entre as vinícolas ali instaladas, a portuguesa Dão Sul.
• O presidente da Câmara da Freguesia de Forjães, Braga, Carlos Gomes de Sá, esteve em Niterói com o prefeito Axel Grael, formando acordo entre as duas comunidades. Forjães descobriu que a maioria dos imigrantes dos anos cinquenta oriundos de Forjães estavam radicados na cidade de Niterói, que fica em frente ao Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro, novembro de 2022