O músico angolano Matias Damásio deu uma entrevista, no número anterior deste jornal, onde dá uma lição magistral de coragem e lucidez: «Ser pobre é muito mais difícil que ser negro ou branco», «as pessoas gostam de Beyoncé mas não gostam de um negro, do Mali», «o racismo praticamente acabou. O que existe é discriminação social»… Evidências certeiras.
Acrescento que estamos cada vez mais saturados com a exploração do racismo, da homossexualidade e do ser mulher, dos ativismos oportunistas que são os piores inimigos do que dizem defender.
Numa conferência a propósito de Saramago, onde os mesmos de sempre são convidados para falar e onde há sempre umas estrelas estrangeiras, Leila Slimani escritora premiada e com cargo no Governo de Emmanuel Macron, veio falar-nos dos «privilégios» brancos como: «Só o homem branco tem nostalgia» e fala dos tiranos brancos do presente, todos ganhadores e perdedores de eleições democráticas.
Já sabemos, os brancos são esclavagistas, criminosos genéticos e geraram tudo o que o mundo tem de mal.
Até quando teremos que suportar acobardados estas teorias ridículas? Nem nos podemos defender, pois facilmente somos logo acusados de racistas, xenófobos, heteronormativos, homofóbicos e machistas tóxicos.
Como chegamos a isto e até quando?
Slimani que vive na cultura dos homens brancos, bem remunerada, viaja pelos salões progressistas fustigando o homem branco e é aplaudida por isso.
Saberá que em África, dados de 2020, há mais regimes autoritários que democráticos? E já agora que aproveite e leia também o que escreveu Till Bruckner em junho de 2015, no site da Open Democracy, com o título Os Sete mitos sobre a democracia em Marrocos.
Não, não estou a mandar a senhora para África. Eu sei que pensar, ter espírito critico e exigir contraditório já é também considerado racismo. Um ativista nunca pode ser questionado.
A senhora estará muito bem onde se sentir bem, mas antes de apontarmos o dedo, convém olharmos à nossa volta, sem estereótipos. O homem branco como entidade maléfica é um absurdo sem sentido.
Slimani não quer saber sequer que hoje a maior parte dos tiranos não são brancos, mas pouco interessa, a cultura liberal tem orgasmos culturais com a autoflagelação. Pouco há de mais patético, (vou falar de cores, prefiro falar de pessoas, mas quem coloca a questão das cores são os ativistas antirracistas que vivem do racismo) que o branco a bater palmas por lhe dizerem que não presta e que se deve envergonhar de si e da sua história. O Ocidente parece cada vez mais uma sala de bondage, onde pagamos para nos açoitarem e termos prazer.
Já basta do wokismo e das suas visões redutores, falaciosas e tribais do mundo repletas de um maniqueísmo fundamentalista que divide o mundo entre o indígena inocente e escravizado e o ogre branco esclavagista…
Neste caso, ofereço-me para levar a senhora Slimani a uma visita guiada por milhares de sítios onde veremos brancos e também muitos negros, claro, que também não sabem o que é ter nostalgia. A dureza das suas vidas não lhes dá tempo para isso, e nunca conhecerão nem uma réstia do luxo em que vivem as consciências liberais progressistas.
Todos nós, até as Slimanis, devíamos travar uma luta fundamental, principalmente em África, contra os governos e as suas elites cleptocratas, contra a miséria das populações e pela igual dignidade independentemente da cor.