O dia 25 de Novembro, Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres que se vai manifestar de diferentes maneiras, não pode ser apenas simbólico.
Sinto que tem de ser todos os dias do ano. Apesar da sua relevância os números continuam a aumentar. Não podem ser abandonados programas de apoio às sobreviventes de violência doméstica. Muitas ainda sentem que não têm ajuda psicológica suficiente. Já para não falar da total falta de apoio para as mulheres que sofrem crimes de índole sexual. Existem dois casos expressos que são completamente chocantes: devido ao prazo de apresentação de queixa (seis meses) em caso de violação, um violador, que violou uma mulher e assediou outras quantas num ambiente de seita, devido às mesmas terem apresentado queixa após os seis meses ficou livre.
Neste ano, quatro mulheres foram violadas tendo duas apresentado queixa em seis meses e outras duas não, o indivíduo foi condenado em primeira instância a uma pena de 5 anos de prisão efetiva. Estamos a falar mais uma vez da perca de voz, de direitos humanos porque os legisladores oferecem seis meses apenas para as sobreviventes recuperarem de um crime de índole sexual gravíssimo e caso estas duas senhoras não tivessem apresentado queixa de imediato outro violador estaria agora na rua, a violar outras mulheres. Devido a isso digo, que no dia 25 de Novembro, vamos para as ruas, mas a luta pelos direitos humanos das mulheres é uma luta de 365 dias por ano. Que não nos falte voz, espírito e determinação para lutarmos e gritarmos dia 25, como o devemos fazer todos os dias, de todos os anos. A perca essencial dos nossos direitos, oferecendo aos violadores um passe livre sobre os nossos corpos tal como aos agressores, um país sem medidas de proteção para as sobreviventes de violência doméstica faz-nos marchar carregadas de sangue. Todas as mulheres e homens são assim chamados a juntarem-se a nós, para lutar contra o assédio, a violência doméstica, a violência no namoro, a violação e qualquer tipo de violência cometida contra as mulheres.
Não iremos fazer minutos de silêncio, não iremos ficar caladas, iremos lutar por mulheres que não tenham que sofrer qualquer tipo de abuso, seja ele físico ou verbal. Para que exista cada vez mais a consciência de que todas as vozes são necessárias, de que é necessário fazer queixa, pedir ajudar e nunca calar abusos ou horrores. A consciencialização de que existem pessoas e associações que se preocupam e estarão sempre presentes para dar a mão a outra mulher é extremamente necessário, principalmente no abismo do desespero, existir todos os dias e este dia.
Dia 25 é para todas nós. Para as sobreviventes, para as que lutam, para as que não foram protegidas e para as que nunca vão parar de lutar! Que nunca paremos de lutar!