Um ‘afilhado’ do ‘cardeal de Richelieu’ e metódico ‘aprendiz de Maquiavel’ é um dos ativos, na escuridão dos corredores e gabinetes do Terreiro do Paço, pretendente ao trono republicano, o Comando da GNR.
Defensor convicto de que o futuro deste Corpo Especial de Tropas passa por um real e vincado afastamento das Forças Armadas, apesar de criado no ‘micro’ clima de Penude, com estultícia não prevê o que, nessas circunstâncias, pode acontecer, na senda do que muitos defendem, sustentadamente numa relação de custo/eficácia e de fácil demonstração, e que é o surgimento, em Portugal, de uma Polícia Nacional única, enquanto tal.
Não pretendo discutir a validade argumentativa para quem, pela minha veia de ‘cidadão contribuinte líquido do orçamento do Estado’ a analisou. Apenas a realidade de um país que é de natureza mediterrânica, porto de abrigo e de passagem de pessoas e bens de diversos continentes, com uma vizinhança de terra poderosa e mar arquipelágico a defender, me leva, por enquanto e nestas circunstâncias, a não o defender.
Nesta eventualidade de aparecimento de uma Polícia Nacional, por fusão da PSP e da GNR, teríamos um Corpo de Polícia, de natureza civil e cívica, detentora da totalidade das ‘especialidades’ policiais, ou seja, proximidade, criminal, antimotim, fronteira, fiscal, trânsito, económica, ambiental, etc, etc, etc.
Ora, assim sendo, sem hipóteses de este corpo possuir missões de natureza militar, como sejam a intervenção pesada, o controlo da costa e atividades afins, a Segurança e Honras de Estado, a Proteção, Emergência e Socorro de elevado grau, que por si só, só terão existência suportada se estiverem sujeitas à condição militar, teríamos de obter nas Forças Armadas a satisfação destas necessidades próprias de um Estado moderno e democrático.
Passaríamos a ter um Corpo de Polícia com efetivos entre os 32 e os 35 mil efetivos e um efetivo nas Forças Armadas entre os 42 e os 45 mil.
Nestas circunstâncias o que restasse da GNR, perderia a sua singularidade de capacidade de dupla atuação (militar e não militar) e intervenção policial enquanto OPC, seria facilmente assimilado pela PSP, sem dúvida com resultados visíveis, que pela sua natural envergadura daria à hoje Estrutura Superior da Guarda (níveis 1, 2 e 3) alguns (poucos) lugares de nível 3 e possivelmente um único de nível 2.
Acontece que não falta quem defenda que o Diretor Nacional desta nova Polícia Nacional deva ser civil, de características e currículo adequado (veja-se o que se passa já em diversos países da Europa).
Assim, apesar de sempre considerar algumas vantagens da possível existência de uma Polícia Nacional, alerto, considerando a natureza de Portugal, seu território, capacidades e população, que aqueles ‘manobradores’ tenham espaço para ler e refletir naquilo que lhes pode acontecer. Não digam depois que não foram avisados…
Acresce que a ‘luta pela pole position’ tem ‘trazido à superfície’ alguns, cujos exercícios se traduziram sempre em ‘esconder-se atrás dos armários e debaixo das secretárias’, nunca tendo dado provas de Camaradagem, Coragem, Lealdade e Transparência de métodos e processos, requisitos essenciais para uma Liderança no mais elevado escalão (alguns mesmo ‘escaparam’ a processos judiciais e disciplinares).
Felizmente, a Guarda dentro do seu corpo de Generais (já promovidos e a promover) detém outras personalidades, caracterizadas por constelações de atitudes e resultados que são exemplos de dinamismo e de profissionalismo, de ética e de lealdade, com caráter, com mais saber, e com mais e melhor capacidade de liderança, honrando a casa e instituição de prestígio e de promoção do conhecimento e de valores que os formou.
Assim sendo, recomendo que o poder político se aconselhe adequadamente antes de DECIDIR o rumo a seguir.