Numa tentativa para alterar os votos das eleições no Brasil, o ex-Presidente Jair Bolsonaro contestou os resultados das presidenciais, que perdeu no mês passado para Luiz Inácio Lula da Silva, argumentando que os votos de algumas máquinas deveriam ser “invalidados”. No entanto, esta iniciativa encontrará grandes dificuldades para seguir em frente.
“Nessas urnas infelizmente encontramos um número inválido”, o que indica um “indício muito forte de mau funcionamento da urna” e “gera incerteza nos dados dessas urnas”, explicou o engenheiro Carlos Rocha, responsável pela auditoria do relatório do Partido Liberal (PL), acrescentando ainda que “no seu relatório descobriu-se que existiram urnas que travaram e foram desligadas no mesmo período de votação e ligadas outra vez”.
Estas acusações foram recebidas com ceticismo, uma vez que o Tribunal Superior Eleitoral do Brasil já ratificou a vitória de Lula da Silva cuja nova eleição, depois de já ter sido Presidente entre 2003 e 2011, foi também reconhecida por políticos e líderes internacionais. No entanto, este tribunal concedeu 24 horas ao partido de Bolsonaro para apresentar o relatório completo sobre as urnas eletrónicas, das eleições gerais e da segunda volta das presidenciais.
Apesar de ser altamente improvável que consiga efetivamente reverter o resultado das eleições, Bolsonaro já está a ser acusado de alimentar esta batalha de forma a inflamar protestos no Brasil conduzidos pelos apoiantes do Presidente cessante, numa altura em que se intensificam os bloqueios de estradas e outras ações de protesto, especialmente em estados como Mato Grosso, Santa Catarina e Rondónia, alavancados pelo feriado nacional da instauração da República no Brasil, com milhares de manifestantes a concentrarem-se em frente a quartéis em vários estados brasileiros.
Segundo o cronista do UOL Notícias, Leonardo Sakamoto, esta estratégia é conhecida como “Falácia do Atirador de Elite do Texas”.
“Esta aparece quando apelamos a uma ilusão de grupo, usando a tendência humana de ver padrões onde eles não existem”, argumenta. “Que, aliás, se aproveita de outra tendência humana: a de que as pessoas creem que é verdade tudo aquilo que vai ao encontro do que elas já acreditavam previamente”.