por Pedro d'Anunciação
Já se viu que a falta de credibilidade de Moscovo é tão grande com aqueles porta-vozes do Kremlin e do Ministério da Defesa (cuja falta de jeito para as funções é enorme) que não se acredita falarem eles internacionalmente. Qualquer proposta que parta deles, não é para ser levada a sério. A prova mais evidente foram russos a matar russos como se via bem no vídeo sobre a matéria, mais do que o vídeo (indesmentível, para quem o preferir), eram os ditos porta-vozes. E como se vê agora a propósito das negociações com Kiev, enquanto os russos fazem os maiores ataques indiscutivelmente planeados a civis de que são capazes (esperando que morram com a falta de condições de sobrevivência).
Então para quem falarão? Talvez apenas internamente para os russos, se são gente que se deixa convencer assim às boas (pelos vistos, cada vez menos), sem ninguém ter necessidade de gente credível.
No entanto, o míssil da Polónia, que efectivamente matou gente, só se compreende como antimíssil, se a Rússia está a atacar, como parece estar efectivamente, muito perto da fronteira.
Não será razão para uma Guerra Mundial, em vez de se procurarem todos os motivos para a evitar? Querer-se-á seguir uma realpolitik, à Kissinger (e portanto fora de tempo) segundo a qual o sucessor de Putin pode ser pior que ele? Mas a ideia não seria afastar todos os putinistas e a sua política? De resto, os eleitorados ocidentais são pouco afectos à real politik. Não é necessário repetir a asneirada do Iraque, que teve sempre o mundo todo contra a intervenção militar. Aqui ela já começou, por iniciativa de Moscovo, como toda a gente entendeu, e até finalmente o PCP.
De Biden, felizmente já não parecem vir mais pressões para negociações indesejadas pela Ucrânia. Não se pode dar o oiro (negociações agora, que deixariam tudo na mesma, incluindo o ambiente de conflito) ao bandido (Putin).