Após semanas de entusiasmo, com os militares ucranianos a contra-atacar e a conseguir uma estrondosa vitória em Kherson, os invasores ganharam terreno no leste, em Donetsk, tentando cercar Bakhmut. E o custo dos sucessivos bombardeamentos russos contra a rede elétrica da Ucrânia acumulam-se, estando o Governo de Kiev a implorar por ajuda da Europa.
O Kremlin tenta fragmentar a rede energética ucraniana em pequenos pedaços, destruindo subestações elétricas para que mesmo se uma região tiver energia não a consiga passar às vizinhas, ouviram os ministros de países membros da NATO reunidos em Bucareste. Pelo menos 37 fornecimentos de peças foram entregues à Ucrânia, sendo que a principal prioridade terão que ser transformadores, utilizados nas subestações, salientou Artur Lorkowski, diretos da Energy Community, ao Guardian.
“Eles têm algum equipamento que tinham armazenado antes, mas as reservas estão a acabar. O equipamento armazenado não será suficiente para as atividades de reparação”, alertou. Até de carros as autoridades ucranianas precisam, para transportar os seus técnicos, eletricistas e engenheiros pelo país. Aliás, a situação é tal que o Governo de Kiev mal conseguiu celebrar a liberação de Kherson, necessitando de evacuar a cidade face à chegada do inverno, devido à falta de eletricidade.
Já as tropas de Bakhmut, do outro lado do país, no leste, não tiveram uma pausa. Nas semanas antes da retirada de Kherson, a lenta ofensiva russa nesta região – recorrendo a uma acumulação massiva de artilharia – acelerava, ganhando mais ritmo com a chegada de unidades retiradas de Kherson.
O comandante russo na Ucrânia teria prometido a Vladimir Putin que retirando tropas de Kherson, que estava numa posição difícil na margem oeste do Dnipro, conseguiria focar-se no Donbass, lia-se na imprensa estatal russa. De facto, conquistaram algumas posições nos arredores de Bakhmut, usando como ponta de lança mercenários da Wagner e tropas veteranas das milícias separatistas de Lugansk.
O Instituto para o Estudo da Guerra verificou, através da geolocalização de imagens, que as forças russas tomaram a aldeia de Ozarianivka, havendo relatos que entraram também em, Klishchiivka, Kurdiumivka, Andriivka, Zelenopillia e Pidhorodne, tudo localidades a menos de 15 km de Bakhmut, que os russos tentam cercar.
No entanto, apesar desta cidade essencial para o abastecimento dos militares ucranianos no Donbass ficar numa situação mais complicada, “estes ganhos não ameaçam as críticas estradas T0513 (Bakhmut-Siversk) e T0504 (Bakhmut-Kostyantynivka) que servem como principais linhas de comunicação terrestres até Bakhmut”, avaliou o Instituto para o Estudo da Guerra.