Músicos –
Kris Kristofferson – guitarra e vocais
Chip Young e Jerry Kennedy – guitarras
Norbert Putnam – baixo
Kenney Buttrey – bateria
Charlie McCoy – harmónica
produzido por Fred Foster
por Telmo Marques
Eis-nos de novo há volta de álbuns debutantes, sendo que este merece destaque especial. Um cantautor nascido em 1936, lança o seu 1º álbum em nome próprio em 1970, e logo um daqueles repletos de preciosidades como Sunday Morning Coming Down, Help Me Make It Through The Night, Me And Bobby McGee, etc… .
Depois de trabalhar como zelador no estúdio da Columbia Records em Nashville, onde gravava na altura Johnny Cash e sua mulher June Carter Cash, Kris Kristofferson ganha coragem e oferece ao "Man In Black" algumas das suas demos, onde, pelo menos uma das músicas se destacou entre todas as outras, sendo essa "Sunday Morning Coming Down", que foi prontamente gravada por Johnny Cash, tornando-a nº1 na parada de country singles dos EUA.
Uma canção aparentemente sobre o seu atribulado divórcio, bem como pelo seu despedimento de piloto de helicópteros, supostamente após ter sido encontrado num estado de completa inebriação (ohhhhh, those seventies…!!!).
"Well, I woke up Sunday morning
With no way to hold my head that didn't hurt
And the beer I had for breakfast wasn't bad
So I had one more for dessert
Then I fumbled through my closet for my clothes
And found my cleanest dirty shirt
And I washed my face and combed my hair
And stumbled down the stairs to meet the day
I'd smoked my brain the night before
On cigarettes and songs that I'd been pickin'
But I lit my first and watched a small kid
Cussin' at a can that he was kicking"
"Help Me Make It Through The Night" é outro tema já clássico de Kristofferson, carregado de innuendos de cariz sexual, supostamente escritos após ler uma entrevista de Frank Sinatra a uma revista, em que lhe era perguntado em que é que ele acreditava, ao que Sinatra responde: "bebida, gajas e uma bíblia. whatever helps me make it through the night…".
"Me and Bobby McGee" é talvez a canção mais conhecida do álbum, muito graças à versão entretanto interpretada por Janis Joplin, tendo chegado a nº1 da tabela de singles dos Estados Unidos, infelizmente já a título póstumo para Joplin, que falecera uns meses antes.
"Best Of All Possible Worlds" reforça aqui o seu papel de trovador, ao cantar sobre uma noite passada na cadeia, experiência que obviamente lhe terá deixado marcas profundas, ao ponto de descrever nesta canção todo o tormento por que terá passado naquelas infindáveis 12 horas…!!!
"To Beat The Devil" é um tema em que Kristofferson tenta enfrentar os seus demónios interiores, ao mesmo tempo que agradece, logo na parte inicial da canção, a Johnny Cash e June Carter, pois sem a ajuda de ambos, dificilmente teríamos Kris Kristofferson cantautor, mas simplesmente, como autor e compositor de canções, com a finalidade para outros artistas as gravarem.
Todas as canções do álbum encontram-se despidas de arranjos elaborados. Temos no máximo em dois ou três temas, um conjunto de cordas, que sinceramente, e na minha modesta opinião, descaracteriza um pouco o álbum no seu todo, tornando-o um pouco mais melódico, mas perdendo alguma da agressividade dos temas anteriormente retratados.
Mas enfim, é apenas a minha sincera opinião…!!!
Kris Kristofferson é lendário. É cantautor, actor, escritor (tendo ganho inclusive uma bolsa para estudar na Universidade de Oxford), piloto ou ex-piloto de helicópteros, ou como bem dizem os ingleses, um autêntico "jack of all trades".
Fez igualmente parte dos Highwaymen, uma super banda criada em conjunto com Willie Nelson, Waylon Jennings e o seu "padrinho", Johnny Cash, um ensemble que fez tournées um pouco por todo o mundo, tendo igualmente lançado três álbuns, todos eles bem sucedidos a nível de vendas.
Até para a próxima semana
Telmo Marques