Na sequência de uma reunião com os homólogos europeus onde se discutiram questões relacionadas com a situação pandémica, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, garantiu que, na sexta-feira, «o funcionamento das urgências esteve relativamente calmo».
Em Bruxelas, o governante afirmou que, apesar disso, existiu ainda «muita afluência», embora «com capacidade dos serviços para dar resposta». «Mas eu reconheço que, em alguns dias e em algumas horas, certas urgências têm estado demasiado pressionadas, com tempos de espera que são absolutamente indesejáveis», admitiu, garantindo que esses mesmos serviços têm sido «capazes de ver todas as pessoas» e, «mesmo nessas urgências muito pressionadas, de resolver os problemas» que a elas chegam.
Porém, o cenário a que temos assistido não nos parece assim tão «calmo», segundo o próprio ministro. O Hospital de São Bernardo, em Setúbal – que serve 311 mil utentes de sete concelhos que vão de Palmela até Sines –, está sem Urgência Pediátrica até segunda-feira. Além disso, existem também constrangimentos nos serviços de Obstetrícia e Ortopedia. Segundo a CMTV, as corporações de bombeiros da região foram informadas na quinta-feira pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes de que o Serviço de Ortopedia/Traumatologia do hospital não poderia receber doentes até às 8h00 de sexta-feira, enquanto o Serviço de Obstetrícia não recebeu doentes entre as 9h00 e as 21h00. O motivo? A falta de médicos.
Juntamente com os municípios de Palmela e Sesimbra, a Câmara de Setúbal solicitou uma reunião urgente ao ministro da Saúde, «face à falta de médicos que está a afetar a prestação de cuidados de saúde em todos os hospitais públicos».
Na segunda-feira, às 11h45, os tempos médios de espera para os doentes dos hospitais da região de Lisboa oscilavam entre as 11 horas no Hospital Santa Maria e os 33 minutos no São Francisco Xavier.
Segundo os dados do SNS, àquela hora encontravam-se 19 doentes com pulseira amarela (urgente) no serviço de urgência central do Hospital Santa Maria, tendo um tempo médio de espera de 11 horas e 10 minutos. O tempo recomendado é de 60 minutos.
Já no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, o tempo médio era de duas horas e 21 minutos, com 42 pessoas. Por sua vez, o hospital pediátrico D. Estefânia tinha um tempo médio de espera de uma hora e 17 minutos, com nove doentes a aguardar no serviço de urgência, e o Hospital São José uma hora e 26 minutos (com 13 doentes).