O piloto do Porto começou a correr de moto em 1991 e, nove anos depois, tinha a sua própria equipa – Bianchi Prata Team. Ao longo de 31 anos construiu um palmarés impressionante. Foi oito vezes campeão nacional de enduro e todo o tereno, cinco vezes campeão da Europa de bajas, terminou o mítico Dakar 11 vezes e conquistou 10 medalhas no campeonato do Mundo de enduro por países. Este ano disputou com êxito a Taça do Mundo de Bajas na categoria veteranos. O piloto da Honda chegou à última corrida, do Dubai, na liderança do campeonato e, ao terminar na segunda posição, garantiu mais um título. «A última prova foi o culminar de um ano de trabalho. Poucos dias antes de ir para o Dubai disputei a Baja Portalegre, por essa razão não tive tempo de fazer uma preparação extra para as dunas do Dubai, que são muito diferentes do que estou habituado nas outras competições» disse Bianchi Prata, que nunca sentiu o seu objetivo comprometido. «Estive sempre confiante, mas o segundo dia foi complicado. O meu principal adversário estava a jogar em casa, atacou e arriscou muito. A minha experiência permitiu-me manter um ritmo rápido, sem cometer erros ou correr riscos, e acabou por ser a melhor tática, pois a moto dele cedeu e teve de desistir. O deserto não perdoa» referiu o piloto.
Apesar das dificuldades o balanço do ano é positivo, como fez questão sublinhar «a Taça do Mundo foi disputada por 18 pilotos de diferentes nacionalidades, e vencer todas as provas em que participei foi excelente. Como sempre, a maior dificuldade é encontrar patrocínios para poder participar sem restrições. Devia estar concentrado apenas nas corridas e não se o dinheiro chega para tudo». Com uma larga experiência no todo-o-terreno, considera que Portugal é um exemplo.
«O nosso país é uma incubadora de grandes pilotos. Temos um campeonato nacional de bajas que é considerado o melhor da Europa e muitos pilotos jovens com um potencial incrível» e adianta «passaram pela minha equipa alguns dos melhores pilotos portugueses e do mundo e, dentro das minhas limitações, tento sempre ajudar os mais novos. Gostava de ajudar mais, mas sem apoios é difícil. Esta é a realidade de viver num país e num mercado pequeno, onde as marcas não têm muito dinheiro para investir», e lança um repto «se houvesse mais marcas envolvidas, as televisões teriam maior interesse e com mais televisão haveria seguramente maior apoio para todos. Tenho a certeza de que o público português gosta de desporto motorizado. Só que não tem maneira de o ver se não se deslocar às provas». Ser piloto profissional em Portugal é bastante difícil e exige muita dedicação como nos disse «quando havia mais marcas a apoiar era mais fácil.
Atualmente, para poder fazer corridas dou aulas, organizo passeios e procuro arranjar patrocínios».
Recuando no tempo, Pedro Bianchi Prata falou-nos dos momentos mais importantes da sua carreira «a prova de eleição é o Dakar. Participei e terminei 11 vezes, é uma corrida sempre diferente, que nos proporciona experiências e aventuras únicas. O mais espetacular foi o meu primeiro Dakar em 2007, que foi também o último em África. A experiência de entrar no deserto da Mauritânia foi única e mudou a minha vida a nível pessoal e profissional». Acabado de chegar do Dubai, já tem a próxima época em mente «vai ser um ano de muito trabalho. Estou a começar um novo Offroad Center, na área da grande Lisboa, vou fazer o mundial de bajas e, em Portugal, vou continuar a dar assistência a pilotos e a alugar as motos da equipa» disse-nos o vencedor da Taça do Mundo de Bajas.