A atriz norte-americana Kirstie Alley, conhecida pelos papeis que desempenhou na série Cheers, de 1982 a 93, no filme Olha Quem Fala, em 1989, e em Star Trek II: A Ira de Khan, em 1982, morreu, na segunda-feira, aos 71 anos, após uma batalha contra o cancro do cólon.
De acordo com um comunicado partilhado pela família nas redes sociais da falecida artista, a descoberta da doença aconteceu recentemente: «Estamos tristes em informar que a nossa incrível, destemida e amorosa mãe faleceu após uma batalha contra um cancro, apenas descoberto recentemente», lê-se na publicação. «Ela estava rodeada pela sua família mais próxima e lutou com muita força, deixando-nos com uma certeza a sua alegria sem fim de viver e uma vontade de viver todas as aventuras que lhe aparecessem pela frente. Por mais icónica que fosse nos ecrãs, ela era uma mãe e avó ainda mais incrível», acrescentam os familiares. O empresário de Alley, Donovan Daughtry, também confirmou a sua morte num e-mail enviado à Associated Press.
Da cientologia ao cinema
A atriz nasceu em Wichita Kansas, em 1951, tendo-se mudado para Los Angeles, no final da década de 1970 para continuar a estudar os ensinamentos da cientologia e para trabalhar como designer de interiores.
Foi apenas em 1982, que começou a sua carreira como atriz no filme Star Trek II: A Ira de Khan. Depois desse trabalho e pelos elogios e notoriedade na interpretação de Saavik, seguiu-se o filme Encontro na Escuridão, dois anos depois, a popular minissérie Norte e Sul, em 1985 e a comédia de sucesso de Carl Reiner, Escola de Verão, em 1987.
Cinco anos mais tarde chegaria o papel que iria mudar toda a sua vida: Alley juntou-se ao elenco de Cheers, em 1987, substituindo Shelley Long, e, na pele de Rebecca Howe, tornou-se uma das personagens favoritas dos fãs, permanecendo na série de televisão, que contou ainda com atores como Ted Danson e Woody Harrelson, durante seis anos até à última temporada. Esta performance valeu-lhe um Globo de Ouro e um Emmy, ambos conquistados em 1991, e foi nomeada múltiplas vezes para estes prémios, com diversos trabalhos ao longo da sua carreira. Por exemplo, em 1989, destacou-se na sétima arte ao lado de John Travolta com o filme Olha Quem Fala, no qual deu vida à mãe de um bebé cujos pensamentos eram expressados por Bruce Willis. Alguns anos mais tarde, ganhou um segundo Emmy na categoria de melhor atriz principal numa minissérie ou filme televisivo com o filme Prisioneiro do Silêncio, de 1994, que relatava a vida de uma mãe e o seu filho autista.
Opiniões controversas
Apesar de não ter sobrevivido à sua luta contra a doença que a matou, ao longo da sua vida, a atriz teve várias batalhas da qual saiu sempre vencedora. Na sua autobiografia, How To Lose Your A** And Regain Your Life, lançada em 2005, a atriz revelou que havia sido viciada em cocaína. Uma década depois, em confessou mesmo numa entrevista à revista Parade, que foi a droga que a levou a Hollywood. «A verdade sobre como escapei do Kansas é esta: estava pedrada», afirmou. «Estava totalmente drogada com cocaína, entrei no carro e fui para a Califórnia», explicou. No seu twitter, há uns anos atrás, a artista afirmou ter deixado as drogas em 1979, jurando gastar o dinheiro que gastava nelas, em flores.
Com o passar do tempo, a atriz foi também mostrando algumas das suas opiniões sobre temas, gerando controvérsia. Por exemplo, no início do ano, comentou a guerra da Ucrânia: «Não sei o que é real e o que é falso nesta guerra. Então não vou comentar sobre isso. Prefiro rezar», disse no Twitter.
Numa entrevista em 2021, ao jornal The Independent, afirmou que era mais aceitável «cozinhar metanfetaminas e dormir com prostitutas, desde que aparentemente não tenham votado no Trump», do que ser-se republicano em Hollywood.
Alley partilhou também a sua opinião sobre os termos neutros linguísticos: «Estou um pouco cansada de degradar e anular as mulheres e as suas capacidades. A amamentação é uma das nossas capacidades. Parem com a anulação das mulheres por causa dos lunáticos. A igualdade de direitos não é igual a insanidade», defendeu, acrescentando que o seu único ponto é «não deixar que a insanidade vos obrigue a fingir que concordam com a insanidade». «Faz parte da insanidade envergonhar-vos para que concordem», concluiu. Recorde-se que em 2020, a atriz criticou a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas por implementar novos padrões de inclusão para os Óscares de 2024.
Alley deixa dois filhos, William True, de 30 anos, e Lillie Parker, de 28, fruto do casamento com Parker Stevenson, de quem se separou em 1997, e uma neta.